Em evento, nesta sexta-feira (10), que contou com protesto contra o corte de verbas para as universidades federais, o presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar, em Curitiba, que o decreto que amplia o direito ao porte de armas a diversas categorias profissionais está "no limite da lei".
— Não é como uma política de segurança pública, mas o respeito ao direito do cidadão à legítima defesa, afinal nós temos que respeitar a vontade popular — afirmou em evento na capital paranaense, em alusão ao referendo do desarmamento, de 2005.
Bolsonaro elogiou o decreto, que está sendo contestado por especialistas e parlamentares por ser supostamente inconstitucional, já que o presidente teria ultrapassado sua competência.
— Não recuamos daqueles que se dizem especialistas em segurança, mas que, se estouram um "traque" ao lado deles, caem no chão — disse, arrancando risos do público. — A vida do cidadão de bem não tem preço, daqueles que estão à margem da lei, paciência — afirmou.
A visita de Bolsonaro a Curitiba se deu de forma rápida e foi marcada por protestos. O evento de implantação do Centro Integrado de Inteligência de Segurança Pública - Regional Sul (CIISPR-S), que engloba Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, durou menos de uma hora, e o presidente discursou por apenas cinco minutos.
Em frente à sede do governo paranaense, onde a segurança foi reforçada, havia protestos principalmente contra o corte de verbas para as universidades federais. Segundo os manifestantes, eram 2.000 pessoas.
O ministro de Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, sentou-se ao lado do presidente durante o evento. No discurso, exaltou o programa de integração no combate ao crime organizado e as políticas do governo federal na área.
— Se todos trabalharmos juntos, deixando de lado eventuais vaidades que às vezes comprometem o bom serviço público, podemos fazer muito. Temos um grande desafio no país com os índices de criminalidade, com organizações criminais poderosas e que só serão combatidas com a integração — afirmou.
O CIISPR-S foi a primeira das unidades integradas a serem inauguradas; preveem-se unidades nas cinco regiões brasileiras. Também já há um centro em Fortaleza, no Nordeste. As demais ainda serão implantadas e posteriormente integradas a um núcleo nacional, em Brasília.
A intenção é reunir as diversas forças de segurança e investigação, como as diferentes polícias, e Forças Armadas no combate ao crime organizado.
O centro paranaense já havia sido inaugurado em dezembro do ano passado pelo ex-ministro da Segurança Pública Raul Jungmann, mas só agora foi efetivamente instalado. O investimento inicial previsto era de R$ 3 milhões para cada centro.
Antes de visitar a capital paranaense, Bolsonaro esteve em Foz do Iguaçu, no oeste do estado, onde participou, ao lado do presidente paraguaio Mario Abdo Benítez, da colocação da pedra fundamental da ponte que será construída sobre o rio Paraná e que ligará os dois países.
A nova passagem será uma alternativa à Ponte Internacional da Amizade, criada para desafogar o transporte de cargas. A obra do lado brasileiro será custeada pela Itaipu Binacional e custará R$ 463 milhões.