Sem saber que estava sendo vigiado, um homem caminha tranquilamente pela Rua Voluntários da Pátria, na região central de Porto Alegre, levanta parcialmente a camiseta e deixa parte de uma pistola à mostra. Cerca de 10 minutos depois, dois policiais militares localizam Jonas Ferreira da Rosa, 29 anos, e o prendem em flagrante por estar com um simulacro de arma.
Essa prisão, assim como outras 199 somente nos primeiros quatro meses de 2019, só aconteceram em razão do auxílio 1.118 câmeras de videomonitoramento espalhadas pelas ruas da Capital e de outras 25 cidades do Rio Grande do Sul. No Departamento de Comando e Controle Integrado (DCCI), servidores permanecem com olhos atentos nas telas para auxiliar os policiais nas ruas.
Somente em Porto Alegre, são 640 câmeras de monitoramento, incluindo as espalhadas no DCCI por meio de parcerias com a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Guarda Municipal, Trensurb e Polícia Rodoviária Federal.
Essas 200 prisões em flagrante que ocorreram no início do ano ainda possibilitaram a apreensão de 16 armas de fogo e drogas como maconha, crack e cocaína. No mesmo período, as câmeras ainda ajudaram a localizar 27 foragidos do sistema prisional. Um dos casos aconteceu na Praça XV, no centro de Porto Alegre, onde Luka Nago Tavares Favila, 31 anos, que responde por homicídio, foi identificado por uma tatuagem no pescoço.
Aliado aos olhos atentos dos servidores, há a tecnologia instalada em mais de 190 equipamentos da EPTC que permite a identificação de carros em situação irregular a partir da leitura da placa e cruzamento de dados da Secretaria da Segurança Pública.
— Todo o carro que passar naquela via, essa placa é lida. Se houver qualquer tipo de alteração, de furto ou roubo, isso gera alerta na tela do operador. E esse operador entra em contato com a viatura que está próxima ao veículo e avisa — explica o diretor do DCCI, coronel Regis Rocha da Rosa.
No período, 62 veículos foram recuperados pelos policiais após serem identificados pelo cercamento eletrônico. Outros sete acabaram sendo encontrados após os servidores suspeitarem de alguma situação de roubo e alertarem os policiais na rua.
— Muito mais eficiente do que realizar uma barreira — completa o oficial.
Só são identificados pelo cercamento eletrônico os veículos que estão com a ocorrência de roubo registrada na Polícia Civil. Portanto, alertas pelo 190 não colocam os carros no radar do cercamento eletrônico. No entanto, o sistema pode atuar sob demanda, com o operador digitando uma placa no sistema, que passa a procurar esse veículo. Esse procedimento pode ser útil para localizar automóveis usados em crimes ou até mesmo salvar vidas.
Foi o que ocorreu após um filho entrar em contato com a Brigada Militar dizendo que a mãe dele havia saído de carro dizendo que iria cometer suicídio. Ele passou a placa, que foi inserida no sistema e encontrou o carro circulando na zona norte de Porto Alegre. Em alguns minutos, os PMs conseguiram interceptar a mulher e evitar o suicídio.
Até a publicação da reportagem, GaúchaZH não encontrou os defensores dos dois presos citados na reportagem. No sistema da Secretaria da Segurança Pública, não consta se os detidos constituíram advogado.