As ocorrências de roubos de veículos, tanto no Estado quanto na Capital, apresentaram os mais expressivos índices de queda na comparação entre janeiro de 2019 com o mesmo mês do ano anterior. Em Porto Alegre, o número caiu de 796, para 550. ou seja: uma diminuição de 31%. No Rio Grande do Sul, em 2018, haviam sido registrados 1.580 casos e agora, em 2019, foram 1.183, com queda de 25%.
Os dados constam do relatório de indicadores criminais divulgado pela Secretaria da Segurança Pública nesta terça-feira (12).
A tendência de queda já havia sido demonstrada na comparação entre janeiro de 2017 e de 2018. No entanto, os índices não haviam sido tão elevados: -17% na Capital e -10% no Estado. Em janeiro do ano passado, a Brigada Militar lançou a Operação Avante com foco no combate neste tipo de crime.
Segundo o tenente-coronel Cilon Freitas da Silva, chefe da comunicação da Brigada Militar, outras duas operações contribuíram para a queda - uma intensificando o policiamento com motocicletas, garantindo mais agilidade para o trabalho - e outra colocando viaturas em pontos-chaves das cidades.
Para melhorar o enfrentamento a esse crime, a BM também passou a se debruçar em dados estatísticos. Dos registros policias vieram informações valiosas que ajudam a direcionar os PMs para locais onde há uma maior incidência de roubos de veículos e de outros crimes. Todo o início de semana, as informações chegam às mãos dos comandantes dos batalhões de áreas, que fazem a distribuição do efetivo, dando uma atenção maior a essas regiões.
— Isso, aliado a ação de inteligência policial e repressão qualificada, faz com que a Brigada Militar tenha ação direcionada — entende o tenente-coronel.
Os resultados positivos crescem em importância se levado em conta que, em 2016, o Estado ficou em quarto lugar no país no número de veículos roubados. Dois anos antes, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Porto Alegre foi a líder no ranking entre as capitais.
Para o delegado Rafael Liedtke, titular da Delegacia de Repressão ao Roubo de Veículos (DRV) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), a queda nos roubos de veículos é reflexo de três situações: migração do crime para o litoral, grandes operações organizadas pela DP e ainda a Força-Tarefa dos Desmanches — que fiscaliza pontos de vendas de peças credenciados e clandestinos no interior e na Capital.
Segundo o delegado, as grandes ofensivas resultaram tanto em prisões como na descapitalização dos criminosos.
— Muitos desses roubos de veículos tem tem organização criminosa por trás que solicita, encomenda esses roubos, esquenta os carros e consegue lucrar bastante com a venda desses carros roubados e clonados — entende o delegado.
Outros indicadores
Os casos de homicídios caíram 17,3% em Porto Alegre. Foram 38 ocorrências em janeiro deste ano contra 46 no mesmo mês em 2018. No Estado, a redução foi mais tímida: 9,4%, com o número absoluto variando de 212 para 192.
Em relação ao número de vítimas de assassinatos, na Capital, a queda foi de 49, em janeiro de 2018, para 44 neste ano (-10%), e no Estado, houve diminuição de 232 para 214 (-7,7%).
Para a diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Vanessa Pitrez, a explicação para a queda nos assassinatos na Capital está associada a um trabalho maior de inteligência criminal para tentar encontrar provas robustas e identificar os envolvidos no crime — dos mandantes até os atiradores.
— Não adianta prender só aquele que aperta o gatilho. Os mandantes são sempre os líderes. Só com trabalho de inteligência e fazendo um inquérito com provas concretas é que se vai descobrir a cadeia inteira — observa Pitrez.
Como 80% dos homicídios tem ligação o tráfico de drogas, investigadores da especializada nesses crimes passaram a trocar informações de forma mais intensa com o Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc). Segundo Pitrez, isso já refletiu nos números.
Em relação aos latrocínios, as ocorrências mantiveram-se estáveis no Rio Grande do Sul, com oito casos em 2018 e, agora, sete. Em Porto Alegre, o mês de janeiro não teve roubo com morte, e no ano passado, haviam sido dois.
Sem dados de feminicídios
Apesar da divulgação desta terça-feira (12), não foram informados os registros de violência contra a mulher, como feminicídios consumados. Em nota, a SSP explicou que os dados estão passando por uma validação antes da publicação. A previsão é publicar as outras informações até 15 de fevereiro.
Leia a nota na íntegra:
"Os dados da violência contra a mulher estão passando por uma validação antes da publicação. Os dados da criminalidade são retirados do sistema já prontos. Os dados da violência contra a mulher precisam de uma avaliação ocorrência por ocorrência antes do envio para identificar se o caso é violência contra a mulher. A expectativa é que os dados saiam a partir do dia 15."