A Polícia Civil prendeu em uma casa do bairro Santana, em Porto Alegre, um dos dois líderes de facção criminosa que eram alvos de operação deflagrada nesta terça-feira (12) na Capital, em Alvorada e em Gravataí. Gustavo da Silva Deporte, o Queimado, só foi localizado e detido após três horas de buscas na residência e na vizinhança onde estava escondido. Com mais de 30 anos de condenação, ele estava foragido.
Os agentes chegaram ao local para cumprir o mandado de prisão às 6h, mas o procurado não foi localizado, apesar de inicialmente o sinal da tornozeleira eletrônica que ele utilizava indicar que estaria nas imediações. Por isso, várias buscas foram feitas também nas ruas e nos imóveis próximos.
Por volta das 9h, na própria casa onde estava sendo cumprido o mandado, um policial desconfiou de um sótão. Como não conseguiu abrir o compartimento por dentro do imóvel, o policial subiu no telhado, retirou várias telhas e lá encontrou Deporte escondido.
Ele havia rompido a tornozeleira eletrônica. Além disso, usou tijolos e lajotas na porta do sótão para que ele não fosse aberto.
A prisão do líder da facção foi comemorada no local pela equipe da Delegacia de Capturas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). O delegado Arthur Raldi, responsável pela ação, disse que, inicialmente, encontraram apenas duas mulheres e dois homens na casa. Apesar de não terem ligação com o motivo do mandado, uma das mulheres aparentava estar nervosa.
Desconfiados, os policiais revistaram o telefone celular dela e encontraram uma foto de Queimado. Nesse meio tempo, o sinal da tornozeleira eletrônica já havia sumido, mas os agentes continuaram desconfiando que ele poderia estar por perto.
— Foi pura intuição e persistência. Algo não fechava, por isso não saímos local, apesar da operação continuar em outros pontos. Procuramos até em um porão da casa, mas nada. Até descobrirmos que havia um sótão, na verdade, uma espécie de alçapão — revela Raldi.
A mulher que tinha a foto no celular foi levada até a delegacia para prestar esclarecimentos. Ela responderá pelo crime de favorecimento pessoal. Ao ser preso, Queimado não quis falar com a reportagem. GaúchaZH tentou contato com advogado dele, mas não conseguiu retorno.
Queimado foi preso pelo próprio Deic, em 2017, quando deixou a Argentina, onde vivia, para conferir a reforma de um apartamento que havia comprado em Matinhos, no litoral do Paraná. Ele ficou preso em regime fechado até agosto, quando conseguiu progressão de regime e passou a usar tornozeleira eletrônica.
Outro alvo da operação deflagrada nesta terça-feira é Luis Fernando da Silva Soares Júnior, o Júnior Perneta, preso no Paraguai no ano passado e transferido para presídio federal em Mossoró, no Rio Grande do Norte. Ele também seria um dos líderes desta facção que tem base na zona leste da Capital.
O principal objetivo da ação policial foi prender advogado, gerentes e contadores envolvidos com o tráfico de drogas e que atuavam para Queimado e Perneta. Seis pessoas foram presas. A polícia informou que vai seguir com buscas na tentativa de prender mais seis suspeitos.