A quadrilha que tentou assaltar o Itaú na Avenida Brasil, no bairro São João, na zona norte de Porto Alegre, na noite de sábado (11), simulou um problema em um Celta para vigiar a movimentação nos arredores da agência. O carro ficou com o capô aberto estacionado por horas próximo ao banco, o que chamou a atenção dos agentes da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações (Deic), que tinham a informação de que uma agência seria assaltada.
Segundo o delegado João Paulo de Abreu, responsável pela ação, a dupla era responsável por passar informações para quem estava dentro do banco.
— As duas pessoas por mais de horas não resolviam o problema do veículo, saíam e voltavam para o carro. A gente conseguiu definir que eram eles que estavam fazendo o papel de avisar às pessoas que estavam lá dentro de movimentações estranhas ou passagem de viaturas por aquele local — conta o delegado.
Ao abordar a dupla, os agentes perceberam que um deles já era conhecido da polícia e investigado em outros inquéritos: Carlos Adriano Schuim Rodrigues, 39 anos (veja ficha criminal abaixo). O outro foi identificado como Valdir Ferreira Farias Neto, 24. Os dois homens acabaram presos em flagrante.
Na sequência, os policias entraram no banco e perceberam que os criminosos tinham conseguido acesso à agência ao abrirem um buraco na parede a partir de um prédio ao lado, que estava desocupado. Chamou a atenção que o túnel em direção aos cofres era de papelão. Segundo o delegado, a estratégia foi utilizada para evitar que fossem acionado os sensores de movimento, evitando que o alarme geral fosse acionado.
Os criminosos já estavam abrindo os cofres com serras, esmerilhadeiras com discos de corte, chaves de fenda, pé de cabra e outros utensílios.
Ao perceberem a entrada dos policiais no banco, dois homens conseguiram fugir. A dupla conseguiu subir nos telhados de prédios vizinhos, mas acabaram caindo quando a cobertura cedeu. Um deles, bastante machucado, foi preso: Filipe de Avila Miranda, 24 anos.
Já o outro homem conseguiu escapar. Segundo o delegado, devido à queda, havia sangue no local e outros materiais genéticos, que foram coletados por peritos e vão passar por análise para chegar na identidade do quarto envolvido.
Os três foram ouvidos na delegacia e negaram envolvimento no crime, apresentando versões diferentes. Entretanto, segundo a polícia, os relatos são contraditórios. GaúchaZH ainda tenta contato com o advogado que os acompanhou na prisão em flagrante.
Quem são os três presos
- Valdir Ferreira Farias Neto, 24 anos
Antecedentes policiais por lesão corporal, ameaça e vias de fato. Na tentativa de assaltar Itaú, ficou na parte externa, com função de vigilância.
- Carlos Adriano Schuim Rodrigues, 39 anos
Antecedentes policiais por furto qualificado, roubo circunstanciado (emprego de arma de fogo), receptação, porte legal de arma de fogo, entre outros. No último sábado, também ficou na parte externa do banco, monitorando o movimento.
- Filipe de Avila Miranda, 24 anos
Antecedentes policiais por homicídio doloso, tentativa de homicídio contra policiais militares, lesão corporal e receptação dolosa e adulteração de sinal identificador de veículo. Na tentativa de assalto no sábado, foi encontrado após pular diversas casas e não conseguir fugir. Era responsável pela quebra da parede e do corte no cofre.
Envolvimento com quadrilha
A polícia não descarta o envolvimento do grupo com uma quadrilha alvo de uma operação na última sexta-feira (8), que agia da mesma forma: usando informações privilegiadas, o grupo invade prédios ao lado das agências, quebra paredes já previamente escolhidas, entra nos estabelecimentos e abre os cofres para levar o dinheiro.
Na operação, quatro pessoas foram presas preventivamente por suspeita de envolvimento em um ataque ao banco Santander em 23 de setembro do ano passado. Um dia após o crime, três homens foram presos pela Brigada Militar (BM) no bairro Mario Quintana, na Zona Norte, com R$ 112 mil dos mais de R$ 300 mil levados da agência.