O inquérito que investiga o desaparecimento do gerente do Sicredi de Anta Gorda, Jacir Potrich, 55 anos, deve ser concluído nos próximos dias, de acordo com o responsável pela investigação, delegado Marcio Marodin. Segundo ele, a Polícia Civil tem convicção de que o vizinho do bancário, o dentista Carlos Alberto Weber Patussi, 52 anos, é o único responsável pelo crime.
A investigação acumula mais de 300 páginas e passa pela mão do segundo delegado – o primeiro responsável, Guilherme Pacífico, deixou a cidade para se tornar subchefe da Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo. O suspeito deve ser indiciado, de acordo com a polícia, por homicídio doloso qualificado com ocultação de cadáver. O corpo do gerente do banco jamais foi encontrado.
A principal prova que a investigação obteve contra o dentista foi o conjunto de imagens que mostram Patussi mexendo em câmeras de segurança logo após o momento em que o gerente do banco foi visto pela última vez. Os dois eram vizinhos, em um condomínio formado por três residências.
O dentista ficou preso dos dias 23 a 31 de janeiro. Ele foi detido em Capão da Canoa, onde aproveitava férias com a família. Ele segue em liberdade. Para a polícia, a soltura dele atrapalhou o inquérito.
— Queríamos fazer algumas diligências evitando que ele pudesse participar, oitivas de testemunhas que se resguardam um pouco ao saber que ele está solto. Esse medo é normal em vários crimes, especialmente em casos de homicídio — relata o delegado.
A polícia ainda aguarda laudos do Instituto-Geral de Perícias (IGP) que podem ser essenciais para a investigação. Entre eles, está a perícia do local do crime, da coleta de material genético na casa do dentista, da área de informática e de telefonia e a recuperação de imagens de um sistema de gravação que foram sobrepostas.
A polícia ainda analisa se vai indiciar o dentista por motivo torpe. Para a investigação, a motivação do crime é uma desavença entre o gerente e o dentista, que já foram melhores amigos. A relação entre os dois teria sido arruinada após o banco do qual Potrich era gerente trocar de endereço na cidade.
O imóvel antigo era alugado pelo dentista ao Sicredi. Sem ser avisado pelo amigo, Patussi teria se sentido traído, de acordo com os policiais, que acreditam ter sido este o início de uma desavença que se tornou profunda.
A reportagem não conseguiu contato com o advogado Paulo Olímpio, que defende Patussi. No entanto, em suas últimas manifestações, ele negou que o dentista tenha demonstrado resistência em entregar as gravações e salienta que houve seleção das imagens, fazendo com que fossem "desprezadas outras que o mostravam em situação de naturalidade".