Responsável pela investigação do desaparecimento de Jacir Potrich, 55 anos, o delegado Guilherme Pacífico entende que o caso está próximo de um desfecho. Quase dois meses após o gerente da agência do Sicredi de Anta Gorda, no Vale do Taquari, sumir sem deixar pistas, Pacífico garante, em entrevista à GaúchaZH, que o caso "não vai ficar sem uma resposta".
Confira os principais trechos da entrevista:
Prestes a completar dois meses do desaparecimento, a polícia espera conseguir esclarecer esse caso?
Essa resposta virá primeiro para a família e depois para toda a população. Com esses dois meses conseguimos alcançar muitos indícios, que irão apontar para um desfecho e esclarecer o que aconteceu. Não posso dar mais detalhes, estamos finalizando o desfecho. Estamos aguardando demandas judiciais. Há inúmeros casos de pessoas que desaparecem e as famílias ficam anos sem resposta. Não será assim. Não vai ficar sem uma resposta.
A polícia trabalhou com diversas linhas de investigação. Inicialmente cogitou sequestro. O senhor pode dizer quais hipóteses ainda são averiguadas?
Como era um caso de desaparecimento, seguimos diversas linhas investigativas. Fomos avançando sobre umas e depois descartando. É um caso extremamente complexo. Não condiz com a realidade daquela comunidade. O inquérito está robusto, reúne mais de 150 páginas. Foram ouvidas inúmeras pessoas. Posso dizer que tanto Ministério Público(quanto) Judiciário e IGP (Instituto Geral de Perícias) têm se empenhado para alcançar o resultado final. Estamos no caminho da elucidação.
Não houve localização de corpo?
Ainda não. Se, por ventura, estiver morto. Até agora não deu nenhuma prova de vida, passados todos esses dias. Também não houve, nesses quase 60 dias, nenhum tipo de extorsão. Nem a família, nem tampouco a instituição financeira foram vítimas de extorsão financeira.
A família chegou a oferecer recompensa de R$ 50 mil para quem tivesse informações do paradeiro dele. Isso afetou ou contribuiu com a investigação?
Não houve nenhuma informação partindo daquela situação que pudesse auxiliar as investigações. Sempre orientamos que denúncias fossem canalizadas para o 181, que é o Disque-Denúncia. Reforço esse pedido.
Há inúmeros casos de pessoas que desaparecem e as famílias ficam anos sem resposta. Não será assim. Não vai ficar sem uma resposta.
GUILHERME PACÍFICO
Delegado de Polícia
O policiamento chegou a ser reforçado para esclarecer esse caso?
Trabalhamos com os policiais da região e em parceria com o DHPP, que tem expertise em homicídios e desaparecimentos. Num primeiro momento, o Deic também nos auxiliou, em razão da suspeita de que a instituição financeira pudesse ser alvo. Agradeço o trabalho da BM e do Corpo de Bombeiros. A segurança pública emprestou ao caso o que há de melhor para poder solucionar.
O senhor está diante de um crime?
Não posso te dizer isso no momento.
Há algum suspeito? Pode ocorrer alguma prisão?
Aguarde. Estamos finalizando a investigação. Não posso precisar o minuto seguinte.
Por que a polícia buscou informações em outro Estado?
No passado, pessoas que eram daqui da região foram para o Mato Grosso. Por isso, fomos atrás de informações sobre esse passado. Fizemos contato com policiais de lá. Ainda não temos um banco de dados único, infelizmente. Então contamos com os policiais de lá.
É um dos casos mais complexos que o senhor já investigou?
Já participei de investigações mais complexas do ponto de vista policial, como a que resultou na captura do Seco (José Carlos dos Santos, assaltante de bancos e carros-fortes preso em abril de 2006). Mas esse caso também vai ficar marcado pela complexidade. É diferente de quando você sabe que está diante de um homicídio ou de um sequestro. Um desaparecimento envolve muitas possibilidades. Tivemos dificuldades, por ser uma cidade pequena, carente de videomonitoramento. Tentar juntar os passos não foi fácil. Não havendo corpo, não havendo extorsão, tudo isso veio a dificultar. É uma situação complexa e mais complexa ainda para a família.