À frente da apuração de um caso que intriga Anta Gorda, no Vale do Taquari, há quase dois meses, o delegado Guilherme Pacífico garante que está perto de apresentar desfecho. Desde a metade de novembro, no município de 6 mil moradores, a comunidade tenta decifrar o paradeiro de Jacir Potrich, 55 anos. O gerente da agência do Sicredi desapareceu do condomínio onde residia.
— Reviramos a vida do desaparecido pelo avesso, o passado, o que aconteceu no dia do sumiço e nos seguintes. Cada minuto de ausência é de dor para a família, mas para nós foram minutos e dias preciosos para formar conteúdo probatório e elucidar esse caso — garante o delegado.
O trabalho envolveu o Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) e o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Mas a investigação ultrapassou a divisa de Estado. Policiais buscaram apoio no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul para levantar informações sobre familiares de Potrich.
Em tom de mistério, sem dar detalhes, Pacífico garante que a elucidação do desaparecimento será apresentada nos próximos dias. No momento, a Polícia Civil aguarda o retorno de solicitações judiciais.
— Há inúmeros casos de pessoas que desaparecem e as famílias ficam anos sem resposta. Não será assim. Não vai ficar sem uma resposta — afirma.
Nesse período, Bombeiros e Brigada Militar também fizeram buscas em locais que pudessem ser possíveis cativeiros ou pontos de descarte de corpos. Um açude perto da casa do gerente chegou a ser esvaziado.
— Todo mundo quer saber o que aconteceu com Jacir Potrich. Qual o paradeiro dele. É uma obrigação da polícia esclarecer o fato — diz Pacífico.
O sumiço
O sobrinho do casal, de 24 anos, que reside na mesma casa, teria sido o primeiro a perceber a falta de Potrich. A mulher do bancário, a contadora Adriane Balestreri Potrich, 53 anos, relatou que o jovem entrou em contato com ela por WhatsApp comentando que o tio não estava na casa, por volta das 20h30min de 13 de novembro.
Adriane disse que imaginou que ele estava em alguma pescaria e só começou a se preocupar na manhã seguinte, quando retornava de uma viagem a Passo Fundo. Ao tentar falar com o marido, no dia 14, a chamada teria caído na caixa de mensagens. No mesmo dia, o desaparecimento foi informado à polícia.
Imagens de câmeras
A casa da família está localizada em um condomínio fechado, afastado da área urbana, com apenas outras duas moradias. Para chegar até as residências, é preciso passar pela portaria. No entanto, há acesso a pé pela área dos fundos. A última imagem que a polícia tem do gerente é dentro desse condomínio.
Câmeras mostram o gerente chegando ao local às 19h07min do dia 13. Ele entra na casa e passa pela porta dos fundos, com balde — no qual estariam peixes fisgados no açude de um amigo — e um copo. Ele caminha em direção ao quiosque da piscina. Os peixes foram limpos e guardados na geladeira. A pia, as facas e a tesoura usadas ficaram sujos.
— Depois ele não volta mais para dentro de casa. Não é mais visto, nem captado pelas câmeras — diz o delegado.