Segunda a ser ouvida no julgamento do caso Bernardo nesta quinta-feira (14), Edelvânia Wirganovicz voltou a afirmar que a morte do menino Bernardo Boldrini, na época com 11 anos, não foi premeditada, diferente do que tinha afirmado em depoimento à polícia em 2014. Ela mudou de versão no final de 2015, em entrevista a Zero Hora.
A ré afirmou que no primeiro depoimento estava há três dias sem comer, sob medicação e que os policiais ditavam o que deveria dizer em depoimento.
— Fui coagida e ameaçada. Colocaram uma arma sobre a mesa. Elas disseram que, como eu tinha ajudado elas a achar o corpo, que eu devia falar tudo que nem cadeia eu ia pegar — salienta Edelvânia.
GaúchaZH comparou os dois depoimentos dela – nesta quinta-feira e em 14 de abril de 2014. Diferente do que tinha dito há quase cinco anos, Edelvânia negou que recebeu dinheiro de Graciele. Disse que os R$ 6 mil usados para pagar parcela de um financiamento de apartamento eram de economias dela. Afirmou que Graciele só ofereceu dinheiro para que ela não contasse onde estava o corpo.
Morte de Bernardo
Depoimento à Justiça em 14 de março de 2019:
-"Não matei o Bernardo."
- “Eu adoro criança, eu jamais faria mal a uma criança.”
- " A Queli já estava atrasada para o encontro (com o amante), que recebeu uma multa no caminho (de Três Passos para Frederico Westphalen). Ela ficou nervosa, abriu a bolsa e deu um monte de remédios para ele tomar. E ela: "vamos dar uma volta que ele vai se acalmar e eu vou para o meu encontro." Nessa volta, ele desmaia no banco de trás do meu carro, eu fico apavorada. "Olha Queli, para o carro que o Bernardo desmaiou. Daí eu peguei, examinei ele e disse "olha, o Bernardo está ruim, deixa eu levar para o hospital, fazer uma lavagem nele, tu deu muito remédio para ele Queli"."
Depoimento à polícia 14 de abril de 2014:
- "Ela (Graciele) perguntou se eu ajudava a dar um sumiço no guri. Ela vai me dar muito dinheiro para dar fim no Bernardo. "
- "Chegando lá, a gente pediu para ele deitar, deitou em uma toalha. (A Graciele disse) Deita e fecha o olhinho que eu vou fazer a aplicaçãozinha aquela e ela fez a aplicação. Ela aplicou na veia do braço esquerdo. E aí ele foi apagando"
- "Ela colocou a soda, eu coloquei as pedras e cobrimos com a terra."
Pagamento de R$ 6 mil pelo crime
Depoimento à Justiça em 14 de março de 2019:
- "A Graciele: "te dou dinheiro, mas tu não conta está o corpo, tu não conta". E ela me ofereceu dinheiro e eu disse que não, aquele guri inocente jogado no mato, vamos dar um enterro digno do lado da mãe dele."
Depoimento à polícia de 14 abril de 2014:
- "Se eu ajudasse ela (Graciele) a consumir com o guri, ela ia me dar muito, muito dinheiro"
- "No primeiro momento, ela me disse que ia me dar R$ 20 mil. Depois que ia dar todo meu apartamento, R$ 96 mil"
- "Ela levou o dinheiro na quarta-feira. Levou R$ 6 mil em dinheiro, em notas de R$ 50 e R$ 100."
- "Eu paguei a prestação do meu apartamento (com esse dinheiro)"
Compra de soda cáustica
Depoimento à Justiça em 14 de março de 2019:
- "Não comprei soda cáustica coisa nenhuma, não tem nota fiscal, não tem nada."
Depoimento à polícia em 14 de abril de 2014:
-"Ela disse que tinha que ter um produto para dissolver a pele rápido e não dar cheiro (...) Aí...foi comprado uma soda(...) Foi comprado soda lá no mercado Silva."