A Polícia Civil concluiu inquérito sobre lavagem de dinheiro e organização criminosa contra o vereador de Novo Hamburgo Emerson Fernando Lourenço, 46 anos, o Fernandinho, do Solidariedade. A investigação apontou ligações do político com o tráfico de drogas.
Segundo o documento encaminhado à Justiça, o parlamentar teria repassado uma casa em Tramandaí, no Litoral Norte, avaliada em R$ 400 mil, para um traficante de Canoas comprar uma mansão em Cachoeirinha, na Região Metropolitana, avaliada em R$ 1,5 milhão.
O delegado Márcio Zachello, atualmente em Gravataí, e que foi responsável pelo inquérito no Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), explica que a investigação contra Fernandinho começou há 14 meses, quando o parlamentar foi preso com uma arma furtada em uma ação contra homicídios e tráfico de entorpecentes em Novo Hamburgo. O político foi solto 30 horas depois.
Uma das conclusões da polícia foi que Fernandinho teria ligações com traficantes e que teria usado dinheiro do tráfico para pagar suposta dívida com organização criminosa que tem base no Vale do Sinos, bem como para adquirir bens em nome de laranjas.
A casa no Litoral não estava no nome do vereador, mas havia um contrato de compra e venda no nome dele. Zachello também comprovou que a residência entrou como pagamento de negócio envolvendo Fernandinho com o traficante Juliano Biron da Silva.
O traficante é investigado por ter executado por ciúmes o fotógrafo José Gustavo Bertuol Gargioni em 2015, em Canoas. Em 2017, ele foi um dos 27 apenados transferidos para presídios federais e foi apontado por movimentar R$ 60 milhões em mais de 80 contas bancárias, além de ter em nome de terceiros uma rede de lancherias no Estado.
Outros indiciamentos
Além do parlamentar, foram indiciados cinco familiares dele e o ex-servidor da prefeitura de Novo Hamburgo, que atuou na Secretaria de Obras, Pedro André Arenhardt . Os dois foram alvos de uma operação policial em dezembro do ano passado sobre ligação de políticos do município com traficantes de entorpecentes.
— O ex-servidor, que foi subsecretário de Obras, é apontado como comparsa de Emerson Lourenço, além de doador da campanha (de Fernandinho) para a Câmara de Vereadores — ressalta Zachello.
Os familiares respondem por lavagem de dinheiro por terem emprestado o nome para a aquisição de imóveis, e o ex-funcionário responde pelos mesmos crimes do vereador: lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Durante a investigação, o delegado pediu a prisão temporária do vereador e do ex-funcionário público, mas a Justiça não aceitou. Os investigados afirmaram em depoimento que só se manifestariam em juízo.
Empresas de fachada
A polícia ainda informou que Fernandinho teria montado empresas de fachada em nome de parentes, entre elas, uma transportadora em Campo Bom, no Vale do Sinos, e uma demolidora de veículos em Novo Hamburgo. Também adquiriu vários imóveis. O inquérito foi concluído na sexta-feira (11) e foi o último trabalho de Zachello no Denarc. Se condenados, o parlamentar e o ex-servidor da prefeitura podem pegar de seis a 18 anos de prisão.
Contrapontos
Em nota, Fernandinho se manifestou sobre a conclusão do inquérito policial.
"Esclareço que minha defesa técnica, representada pelo advogado constituído, não recebeu nenhuma intimação oficial da Justiça de Novo Hamburgo sobre este indiciamento. Quando este fato ocorrer, realizaremos a defesa nos autos do processo. Seguirei com minha agenda de compromissos políticos normalmente, sempre à disposição da comunidade. Reafirmo aqui minha inocência e friso, mais uma vez, que estou à disposição da justiça para qualquer esclarecimento oriundo desta investigação".
GaúchaZH ainda não localizou o ex-servidor da prefeitura de Novo Hamburgo para contraponto.