A Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) investiga todos os nove integrantes do grupo — três presos e seis mortos — que realizou na segunda-feira (3) dois ataques a banco com cordão humano em Ibiraiaras, norte do Estado, e que resultou na morte de um refém. Parte da quadrilha tem ligação com suspeitos de assaltos a bancos em Caxias do Sul, mas outra parte não tem envolvimento com este tipo de crime nos últimos anos. Por isso, a Polícia Civil apura se houve vínculos com uma facção criminosa que tem base na zona leste de Porto Alegre, mas não está descartada a possibilidade de que ordens para o crime tenham partido de dentro das cadeias.
O delegado João Paulo de Abreu, titular da Delegacia de Roubos, diz que, por enquanto, é uma análise inicial baseada em alguns fatos, mas que pode direcionar o trabalho das polícias no combate aos roubos a instituições financeiras. A hipótese é de que a facção estaria financiando alguns assaltos ou dando algum tipo de apoio, como o envio de integrantes da organização, armas e veículos em busca de recursos posteriores para o próprio tráfico de drogas.
Segundo Abreu, um dos mortos e um dos presos em Ibiraiaras são do bairro Bom Jesus, na Capital, justamente o local que é a base de uma facção que atua em todo o Rio Grande do Sul e que teve alguns líderes encaminhados para presídios federais na Operação Pulso Firme, no ano passado. Além dos locais de origem dos investigados, a polícia apura o perfil dos criminosos e o fato de alguns deles não estarem envolvidos em roubos a agências.
Coronel Pilar
Abreu ressalta que o mesmo pode ter ocorrido no ataque a bancos em Coronel Pilar, na Serra, no mês passado. Um dos investigados tem relação com o tráfico de drogas em Porto Alegre, também na zona leste. Ainda há semelhanças em casos investigados pelas polícias locais em Paim Filho e Entre Rios do Sul. O Deic entende que, nestes casos, os grupos se valem de um mentor, geralmente alguém preso por roubo a banco ou até mesmo foragido por este tipo de crime, para comandar os ataques.
O vínculo com a facção, que quase sempre acontece dentro das cadeias, ocorre para fortalecer a ação dos bandidos e, em contrapartida, buscar recursos para o tráfico de drogas. Os valores dos roubos a bancos acabam sendo usados para aquisição de armas, munição, veículos e entorpecentes, entre outros.
— Ainda não é uma afirmação, é uma reflexão baseada em fatos concretos que virou investigação e, agora, estamos buscando mais provas para fechar este quebra-cabeça. Mas ressalto que esta é uma das linhas de investigação e estamos analisando todas as possibilidades — ressalta Abreu.
Abreu lembra que o ataque em si é alvo de um inquérito instaurado e com as prováveis linhas de investigação sendo apuradas. Qualquer informação sobre este caso pode ser repassada pelo telefone 0800 510 2828. O anonimato é garantido.