Em reunião realizada na manhã desta quinta-feira (11) no Palácio da Polícia, em Porto Alegre, a Chefia da Polícia Civil determinou pelo prosseguimento da investigação sobre o caso de uma jovem de 19 anos que teve o corpo marcado por canivete, no bairro Cidade Baixa, na noite de segunda-feira (8). Apesar de a vítima ter decidido que não daria continuidade ao registro contra três agressores, o objetivo é apurar todas as circunstâncias do fato.
Além de buscar imagens de câmeras de segurança, os agentes têm como prioridade averiguar se as marcas feitas na mulher se tratam mesmo de uma suposta suástica ou de um símbolo budista, como a polícia informou na quarta-feira (10).
Participaram da reunião, a pedido do chefe de Polícia, delegado Émerson Wendt, o delegado Paulo César Jardim, responsável pelo caso e titular da 1ª Delegacia de Porto Alegre, e o delegado Fábio Motta Lopes, diretor do Departamento de Polícia Metropolitana. Eles decidiram apurar todas as possíveis circunstâncias: como as lesões foram feitas, se houve injúria e até mesmo se houve falsa comunicação de crime. A polícia reforça que essas são apenas linhas de investigação e que não tem nenhuma confirmação sobre o que ocorreu. Por isso, nenhuma hipótese é descartada.
Lopes afirma que, quando se trata de lesões leves e a vítima não quer dar continuidade à apuração, como neste caso, a polícia arquiva o inquérito. Mas devido aos questionamentos feitos pela sociedade e demais autoridades, inclusive pelas redes sociais, a polícia decidiu não encerrar o trabalho e dar prosseguimento às diligências.
Uma equipe da 1ª Delegacia da Capital vai procurar nesta tarde testemunhas e imagens de câmeras de segurança no local, nas proximidades do Pão dos Pobres, para confirmar todos os detalhes narrados pela vítima em depoimento dado na terça-feira (10) aos agentes, na companhia de cinco advogados, e também para tentar identificar os agressores.
Depoimento
A jovem, que não teve o nome divulgado, mostrou riscos de canivetes feitos na barriga que, em princípio, lembram uma suástica. A polícia, inicialmente, falou que se tratava de um símbolo budista. No entanto, do outro lado da barriga da vítima, na parte lateral, teriam tentado fazer outro símbolo com canivete e que lembra uma cruz. A investigação não descarta que a figura esteja incompleta por algum motivo, como por exemplo, a presença de alguma testemunha em via pública.
A jovem relatou que pegou um ônibus às 18h45min, após sair de um curso, e, ao descer nas proximidades do prédio do Pão dos Pobres, teria sido xingada pelos três homens apenas pelo fato de que tinha na mochila um adesivo, com aproximadamente 12 centímetros, indicando a orientação sexual dela e a preferência política (a inscrição #EleNão, movimento contrário à eleição de Jair Bolsonaro). Ela disse que revidou e foi agredida com um soco no nariz. Mas depois disso, não se lembra do que ocorreu porque teve um ataque de pânico.
A jovem relatou ainda que dois homens seguraram ela pelos braços e o terceiro marcou o seu corpo. Ela contou ainda que não fez a ocorrência policial no dia do fato, mas, devido à orientação de uma amiga, registrou no dia posterior, na terça-feira.