Os sete primeiros meses de 2018 já registraram mais feminicídios em Porto Alegre do que todo ano de 2017. A Capital teve 11 assassinatos de mulheres no âmbito de violência doméstica até julho de 2018. Em todo ano passado, foram oito casos.
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública, o número de feminicídios nos sete primeiros meses de 2018 já é maior em Porto Alegre do que o registrado nos anos de 2012, 2013, 2014, 2016 e 2017. Só 2015, com 12 mulheres mortas, teve mais casos que 2018.
O aumento também é percebido no Estado. Entre janeiro e julho de 2018, o Rio Grande do Sul já registra 48 casos de feminicídio consumados. No mesmo período do ano passado, foram 45 - crescimento de 6,6 %. Há outras 54 tentativas de feminicídio registradas pela Polícia Civil gaúcha.
Os números chamam atenção da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher de Porto Alegre (Deam). Associado aos casos de feminicídio, também houve aumento nas ocorrências relacionadas à violência contra mulheres. Já são 7.028 casos registrados, um aumento de 9% em comparação com o mesmo período do ano passado.
Para a delegada Clarissa Demartini, não há como identificar um só motivo para o aumento do número de casos. Ela avalia, no entanto, que a maior parte das vítimas de feminicídio de Porto Alegre eram mulheres que não acreditavam na agressividade de seus companheiros e no que seriam capazes de fazer.
— As vítimas normalmente não têm medidas protetivas. Não têm muitos registros contra os companheiros. De regra, são mulheres que não têm proteção da lei. Não nos trouxeram esse fato com a gravidade que merecia ser observado — relata a delegada.