A Polícia Civil solicitou a reconstituição da morte do inspetor Leandro de Oliveira Lopes, 30 anos, ocorrida há quase dois meses, em Pareci Novo, no Vale do Caí. O trabalho, que tem o nome técnico de "reprodução simulada dos fatos", será realizado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP). A data provável para o começo é 10 de julho. Como envolve muitas testemunhas, a reconstituição será dividida por várias etapas e se estenderá por vários dias.
A reprodução simulada deve contribuir para esclarecer as circunstâncias em que Lopes foi baleado, em 2 de maio, durante operação policial para prender um foragido. No começo do mês, GaúchaZH revelou o resultado da perícia no projétil que matou o policial: trata-se de munição de fuzil calibre 5.56, tipo de arma que estava sendo usada por colegas de Lopes na ação. A possibilidade de ele ter sido atingido por outro policial é uma das investigadas no inquérito que apura a morte.
Até o momento, não há nenhum indício de que os criminosos que fugiram durante a operação, e que teriam disparado contra os policiais, estivessem usando fuzis. Um deles já foi preso e tinha com ele uma pistola calibre 9mm.
Há cerca de 15 dias, foram enviados à perícia mais dois fuzis utilizados na ação. Um primeiro exame, feito em seis armas, teve resultado inconclusivo, ou seja, a perícia não teve condições de afirmar ou descartar se o projétil retirado do corpo partiu ou não de uma das armas periciadas. Esse tipo de exame é feito pelo setor de Balística Forense do Departamento de Criminalística.
A reprodução simulada, se for feita dentro do padrão, deverá contar com a participação de todos os policiais que estavam atuando na operação, já que o objetivo é justamente tentar repetir a dinâmica do que ocorreu no dia. O trabalho, que ocorre no local onde se deu a operação policial, é feito com base nos depoimentos prestados por cada um dos envolvidos.
A partir das informações que constam das declarações dadas no inquérito, cada um reproduz para os peritos a forma como agiu no dia, e cada cena é registrada em fotos. Depois, essas fotos vão compor o relatório da perícia, mostrando a sequência dos fatos. Também terá que haver pessoas ocupando o lugar dos dois criminosos que estavam dentro da casa e que teriam atirado antes de fugir.
Lopes foi morto quando cerca de 20 policiais de Canoas e de Porto Alegre cercavam uma casa para prender um foragido. Na ação, dois criminosos teriam reagido a tiros — com isso, a versão imediata foi de que o inspetor fora atingido pelos bandidos. Mas a polícia não descartava a hipótese de fogo amigo, ou seja, de que o policial tivesse sido baleado por um colega por acidente, já que desde o começo havia indicativo de que o projétil retirado do corpo era mesmo de calibre 5.56, o mesmo que o de armas usadas pelos policiais.
O inspetor trabalhava para a Delegacia de Homicídios de Canoas, mas estava dando apoio à operação coordenada pela Delegacia Especializada de Furto, Roubos e Capturas (Defrec) do município. Também atuavam na operação policiais do Grupamento de Operações Especiais (GOE). O delegado Marcelo Farias Pereira, que conduz o inquérito sobre a morte, preferiu não se manifestar sobre os próximos passos da investigação.