A Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) de Passo Fundo vai abrir pelo menos 60 inquéritos para investigar a rede de estelionatários que tem como base o município e que age no antigo golpe do bilhete premiado. A unidade deve receber reforço de agentes de Porto Alegre para dar conta de toda a demanda. No sábado (16), megaoperação com mais de 400 policiais cumpriu 127 mandados de busca e apreensão na cidade do Norte gaúcho.
De acordo com o delegado Diogo Ferreira, os inquéritos vão apurar principalmente a lavagem de dinheiro dos golpes com móveis, imóveis e até bens de luxo. Material apreendido na operação reforça o indicativo de que alguns dos criminosos vivem com um alto padrão de vida na cidade. Foram recolhidos 75 carros, 19 motocicletas, dois jet skis, dois barcos e um caminhão, além de mais de R$ 40 mil em espécie e joias.
— A maioria deles (investigados) já foi processada por estelionato. Agora, como atacamos patrimônio e nosso foco é descapitalizar, iremos investigar principalmente a lavagem de dinheiro — reforça o delegado.
Por não ter suspeitos presos, os inquéritos têm prazo de conclusão de 30 dias, mas devem ser prorrogados a pedido da polícia.
A operação
Uma operação da Polícia Civil gaúcha atacou, na manhã deste sábado (16), uma rede de pelo menos 140 pessoas envolvidas no golpe do bilhete premiado no norte do Estado. São cumpridos 127 mandados de busca e apreensão em Passo Fundo. Investigação da Delegacia Especializada em Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) identificou que a cidade concentra uma grande quantidade de estelionatários que agem na região e também em outros estados brasileiros. Por causa da grande concentração de criminosos em Passo Fundo, a polícia batizou o nome da operação de "Pólis", em alusão às antigas cidades gregas em que os primeiros crimes como este foram realizados.
Os grupos de Passo Fundo organizam e treinam o teatro usado nos golpes e depois partem para diversas cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e até Minas Gerais para procurar suas vítimas. Compram imóveis, carros, joias caras e outros itens de alto valor para ocultar a origem do dinheiro dos golpes. O delegado Diogo Ferreira conta que alguns dos investigados são pessoas de alto poder aquisitivo e conhecidas no município.
A Polícia Civil decidiu realizar a operação no sábado, o que foge do habitual, para surpreender os criminosos. A apuração da delegacia identificou que a maioria deles costuma voltar para Passo Fundo aos finais de semana após praticar crimes durante a semana.
De acordo com o chefe da Polícia Civil gaúcha, delegado Emerson Wendt, a preparação da operação foi sigilosa. Os mais de 430 policiais civis de 15 diferentes regiões policiais foram levados para Carazinho, município vizinho, para não alertar os criminosos. O helicóptero da corporação também acompanhou.