O assassinato do taxista Gilmar Serafini, 59 anos, em um possível assalto na madrugada desta quinta-feira (10), em Estrela, marca o segundo momento trágico causado pela insegurança para a família da vítima. Em 1997, o irmão dele, o também taxista Gilberto Serafini, à época com 36 anos, foi morto em um assalto durante uma corrida.
A diferença entre as duas histórias é o tipo de arma usada no crime. Gilmar foi golpeado com uma faca. Os bandidos atingiram o peito e o rosto da vítima. Há 21 anos, Gilberto foi morto a tiros.
Filhos de pais humildes, que se mudaram do pequeno município de Sério, também no Vale do Taquari, Gilmar e Gilberto foram trabalhar com táxis em Lajeado. A morte de Gilberto comoveu a região e ele foi homenageado como nome de rua no bairro São Cristóvão, no município. Uma parente dos irmãos, que pediu para não ser identificada, conta que, apesar de abalado, Gilmar resolveu voltar a trabalhar como taxista. Ele decidiu conviver com o medo de assaltos, segundo a familiar, para "poder dar uma vida melhor para os dois filhos", ainda pequenos. O orgulho de Gilmar era de ter ajudado os dois a se formar em Direito.
— Ele brincava que compraria miniaturas de táxis para eles terem em seus escritórios — conta a familiar.
Além do casal de filhos, da esposa, e dos pais Gilmar deixa dois netos. Ele completaria 60 anos no dia 5 de junho.
— Os netinhos eram a luz dos olhos deles, e ele era o avô dos sonhos. Ele programava se aposentar, fazia planos para ficar mais tempo com a família, curtir mais, mas acabou assim. De novo — lamentou a parente.
Gilmar era um dos experientes taxistas de Lajeado, e adorava conversar com as pessoas, conhecidos ou não. O crime comoveu os colegas de profissão que prometem protestar nesta quinta.
O taxista será enterrado ao lado do irmão no Cemitério Católico do bairro Florestal, em Lajeado, na sexta-feira (11), às 9h. O velório ocorrerá no mesmo local.
O crime
Era por volta de 1h30min desta quinta-feira (10) quando Gilmar Serafini, 59 anos, foi encontrado, ainda com vida, dentro do táxi em que trabalhava, na BR-386, em Estrela. Os PMs chamaram a Samu, mas a vítima acabou morrendo a caminho do hospital. De acordo com o delegado Dinarte Marshall, não foram encontrados o dinheiro, a carteira e o celular da vítima, o que reforça que Gilmar pode ter sido morto por assaltantes.
— Os netinhos eram a luz dos olhos deles, e ele era o avô dos sonhos. Ele programava se aposentar, fazia planos para ficar mais tempo com a família, curtir mais, mas acabou assim. De novo
FAMILIAR DAS VÍTIMAS
Após morte do taxista Gilmar
Perícia realizada pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) detectou que ele foi morto com vários golpes de faca, no peito e no rosto. Os peritos informaram aos policiais que acreditam que o taxista estava no banco do carona quando foi morto.
De acordo com o delegado, o taxista teria começado uma viagem com três homens que saíram de um bailão em Lajeado. Colegas de Gilmar contaram à polícia que ele estava na fila de taxistas, em frente a casa de festas, aguardando por corridas.
Os três suspeitos do crime foram identificados pela Polícia Civil por meio de análise de câmeras de segurança. São dois jovens, de 23 e 20 anos, já conhecidos dos agentes da delegacia de Estrela, e um adolescente de 17 anos.