Minutos antes de sair de casa, o usuário de um aplicativo, criado por uma startup de Porto Alegre, pode pedir pelo celular que a equipe de uma empresa de segurança monitore o momento que ele deixa a residência. Para isso, bastam cliques. A ferramenta, que já vem sendo utilizada em Curitiba e Foz do Iguaçu, no Paraná, em Santos, no litoral paulista, Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, e alguns locais de Porto Alegre, promete tornar os bairros mais seguros por meio da segurança preventiva.
— Essa parte corriqueira, do dia a dia, que é a vigilância, a polícia não consegue fazer, esse trabalho preventivo. Esta é uma plataforma tecnológica que conecta moradores de bairros e condomínios com empresas de monitoramento. O principal uso é nos chamados de entrada e saída segura — explica Mário Verdi, diretor geral da Inventsys, responsável pela criação do Bairro Seguro.
Por meio de um pacote com custo mensal — que varia de R$ 19,90 a R$ 99,90 —, os usuários podem acionar a empresa de segurança, pelo app, para monitorar suas chegadas e saídas de casa. Com a contratação de serviço pelos moradores, a empresa também passa a fazer rondas no bairro. O aplicativo conta ainda com botão de pânico, que pode ser acionado em situações de risco, como quando o usuário percebe alguma movimentação suspeita em casa ou no entorno.
A ideia da ferramenta surgiu após a percepção de que a maioria dos apps de segurança privada estão voltados para a proteção patrimonial e que as pessoas se tornaram alvos dos criminosos em assaltos, que buscam roubar os bens, como automóveis. No ano passado, em Porto Alegre, foram registrados 8,4 mil roubos de veículos, segundo a Secretaria da Segurança Pública.
— Isto, deve-se, principalmente, pela evolução tecnológica nos dispositivos de proteção patrimonial, como rastreadores, sensores e câmeras inteligentes. O que ocorreu, de fato, foi que protegemos nossos bens, mas ficamos expostos. Viramos facilitadores do crime — constata Verdi.
O diretor-geral ainda afirma que o objetivo é reduzir a oportunidade de que seja cometido um crime. Ele acredita que quando o aplicativo é utilizado pelos moradores de um bairro acaba impactando na segurança em geral:
— A nossa ideia como empresa é fomentar a vida no bairro. Tentar tornar o bairro inteiro mais seguro. A gente quer primeiro permitir que o bairro tenha uma sensação de segurança maior, que as pessoas voltem para a rua. E segurança é sensação. Quando as pessoas se sentem seguras elas saem para a rua e quando mais gente ocupando mais seguro se torna.
O app foi testado em fase experimental em Porto Alegre, em dois bairros da Zona Sul, mas agora pode ser baixado em IOS e Android para ser utilizado nos bairros Menino Deus, Teresópolis, Santa Tereza, Cidade Baixa, Nonoai, Santo Antônio, Azenha, Glória e Medianeira. A atuação do aplicativo é territorial e deve ir avançando bairro a bairro. Atualmente, são cerca de mil usuários no país, mas a meta é levar a plataforma para 400 bairros em todo o Brasil, com 200 a 300 moradores atendidos em cada.
Como funciona
- Os usuários baixam o Bairro Seguro (disponível para iOS e Android) pela loja de aplicativos de forma gratuita. Cada pessoa escolhe seu plano, que conta com um limite de chamados de chegada e saída segura. O valor mínimo mensal é R$ 39,90 para residências, nos seis primeiros meses de uso, e R$ 19,90 para condomínios.
- A partir da contratação, a empresa fará rondas na área. A cada 300 moradores que contratam o serviço, é instalada uma unidade no bairro, com uma guarita. Os seguranças permanecem nesse local e dali partem para atender os chamados.
- Sempre que precisar, o usuário pode abrir o aplicativo e fazer um chamado. Ele solicita que um veículo da empresa vá até sua casa para que possa sair ou entrar em segurança. O veículo fica estacionado nas proximidades. O usuário monitora a chegada da equipe pelo celular.
- Os atendimentos são feitos sempre por empresas locais, com base na região, sob supervisão da equipe do Bairro Seguro. O painel de gerenciamento é inteligente e encaminha os chamados por proximidade do ponto de atendimento. Os moradores podem avaliar o atendimento pelo próprio aplicativo.
Rede de segurança colaborativa
Outro aplicativo também promete colaborar para alertar os moradores sobre situações suspeitas e de risco, além de permitir um mapeamento das ocorrências. O Be On é uma ferramenta digital de segurança, que está em funcionamento em todo o país. Em Porto Alegre na Região Metropolitana, 10 mil telefones estão cadastrados.
Ao mesmo tempo em que atende a população, o app pode ser acessado pelos órgãos de segurança para uma análise das ocorrências registradas. A ferramenta, disponível nas versões Android e iOS, funciona de forma colaborativa e permite apontar os locais mais críticos em incidência de crimes.
— A segurança de uma comunidade depende da consciência e da participação da sociedade — afirma Gustavo Caleffi, diretor da Squadra - Gestão de Riscos, empresa que desenvolveu o app.
A ferramenta tem entre as funcionalidades comunicar situações de perigo, ter acesso a telefones de emergência e usar chats com troca de mensagens com outros usuários. O aplicativo também serve para emitir alertas em acontecimentos como incêndios, acidentes de trânsito e desastres naturais.