A Polícia Civil prendeu mais um homem, de 22 anos, que estaria envolvido no sequestro da contadora Sandra Mara Lovis Trentin, 48 anos, de Boa Vista das Missões, desaparecida desde 30 de janeiro. Ele foi detido na sexta-feira (23), logo após a prisão do marido da mulher sumida, Paulo Ivan Landfeldt, 47, que é presidente da Câmara de Vereadores da cidade.
Sandra desapareceu em Palmeira das Missões, onde teria ido fazer exames médicos. Policiais suspeitaram de contradições no depoimento do vereador, que havia prestado informações iniciais e foi mais uma vez interrogado na sexta-feira. Na segunda conversa com os agentes, ele declarou que estava sendo extorquido em R$ 50 mil por um grupo de pessoas do Alto Uruguai, que pedia resgate por sua mulher.
Mediante quebra de sigilo telefônico e telemático (mensagens), os policiais chegaram a moradores de duas cidades próximas a Frederico Westphalen. Eles teriam se refugiado em um município de Santa Catarina. Os agentes da Polícia Civil foram até o local e prenderam um dos supostos envolvidos.
O rapaz teria admitido o assassinato de Sandra e disse que cometeu o crime a mando do marido dela – o que ajudou a justificar a prisão preventiva do vereador eleito pelo PSDB. O jovem também relatou que receberia R$ 50 mil e armas.
Sandra e o marido tiveram um sério desentendimento no ano passado, por questões pessoais. Mas a motivação do suposto crime, se é que ele existiu, pode não estar aí. Um outro fato ocorrido se relaciona a dívidas que clientes dela teriam contraído por conta dos serviços contábeis de Sandra.
O elenco de hipóteses variadas é mantido em sigilo pelos policiais, até porque vários fatos relatados não se comprovaram. Um deles: o jovem se comprometeu a levar os policiais até onde o corpo estaria enterrado. Os agentes passaram a madrugada de sexta-feira para sábado em claro, escavando, mas não encontraram vestígios do suposto crime.
Há pressa, porque a manutenção dos suspeitos presos passa pela necessidade de esclarecer o crime, de confissões e, claro, de encontrar o corpo. Sem o corpo – ou, numa felicidade, a reaparição de Sandra viva – fica mais difícil a prisão e a condenação. A Justiça está repleta de casos assim, inconclusos.
Veja em vídeo uma entrevista feita com o marido de Sandra, em 16 de fevereiro, antes dele ser apontado pela polícia como suspeito: