Foi adiado pela segunda vez o depoimento do empresário Paulo Ademir Norbert da Silva, 58 anos, um dos sete investigados pela morte de duas crianças em Novo Hamburgo em um suposto ritual satânico. Ele foi preso no último sábado (20) em Quintão, no Litoral Norte, e está sendo mantido em uma das três celas da carceragem da Central de Polícia, no Centro da cidade.
O depoimento dele estava marcado para a segunda-feira (22), mas foi desmarcado pelo delegado Rogério Baggio que queria mais tempo para analisar as provas. Foi remarcado para esta terça-feira (23), porém o advogado não compareceu e o policial preferiu aguardar.
— É um caso delicado, no qual precisa constar o contraditório. Sem advogado, não vou colher depoimento.
Agora, ele deve ser ouvido na quarta-feira (24). Caso os advogados não compareçam, o delegado estuda chamar um defensor público para representá-lo.
— Não tenho tanta pressa para ouvi-lo, até porque consegui uns dias a mais para concluir o inquérito — explica o delegado, referindo-se à prorrogação do inquérito por mais de 60 dias.
Devido à repercussão do caso, Norbert ganhou pelo menos uma regalia na carceragem: é mantido sozinho na cela. Conforme o delegado, a situação ocorre para garantir a segurança do preso.
Enquanto ele permanece isolado, seis presos aguardam do lado de fora da delegacia para serem encaminhados para o presídio. Permanecem acorrentados em barras de ferro e sob a vigília de policiais militares. Outros dois detentos estão na parte interna da DP, em bancos.
Nas outras duas celas, há sete presos - três em uma e quatro em outra. O ar é abafado no recinto, um misto de suor e sujeira.
Norbert foi flagrado rapidamente, deixando a cela. O homem sai do local de cabeça baixa, vestindo bermuda, camiseta e chinelo de dedo. Acompanhado de um policial, fica segundos em frente à porta, que separa a cela do corredor da delegacia. Questionado por GaúchaZH sobre o crime, Norbert preferiu se manter calado.
— Não quero falar sobre isso — disse o homem, já se dirigindo de volta à cela.
Até agora, Norbert só falou informalmente à polícia.
— Ele nega o que fez, que matou as crianças. Disse "vocês destruíram minha vida" — conta o delegado.
Polícia aguarda perícias
Além do depoimento de Norbert, o delegado aguarda as novas perícias, realizadas na semana passada no templo do bruxo Sílvio Rodrigues e nas casas dos investigados. Nesses locais foram utilizados cães farejadores e retroescavadeira. Também foram solicitadas perícias nos computadores e celulares, apreendidos pela polícia.
— Eu nunca em toda minha vida mandei tantos pedidos de perícia — observa Baggio.
Segundo as investigações, Norbert e seu sócio, Jair da Silva, teriam pago R$ 25 mil para o bruxo para um ritual para trazer prosperidade nos negócios imobiliários. Até o momento, uma testemunha ocular teria presenciado parte do ritual, onde estariam os sete investigados. No depoimento, ela conta que viu duas crianças, mas não sabe identificá-las.