A polícia concluiu, e encaminha nesta segunda-feira (18) à Justiça, o inquérito que apurou o assassinato de João Carlos da Silva Trindade, o Colete, ocorrido em agosto deste ano, na Vila Maria da Conceição, no bairro Partenon, na zona leste de Porto Alegre. O crime, de acordo com o delegado Rodrigo Reis, da 1ª Delegacia de Homicídios de Porto Alegre (DHPP), fez parte de um racha no tráfico de drogas que acabou fortalecendo uma facção criminosa no local onde, até então, Colete era considerado uma das lideranças. Cinco homens foram indiciados como mandantes do crime. Entre eles, estava Fábio Rover Domingues, o Inchado, 26 anos, que foi um dos homens mortos a tiros no último sábado (16) durante um jogo de futebol no Complexo Esportivo da PUCRS.
— O duplo assassinato no jogo de futebol ainda não está esclarecido, mas temos algumas linhas de investigação que dão conta de mais um possível acerto de contas entre facções rivais. As vítimas eram bastante próximas à atual liderança do tráfico de drogas na Vila Maria da Conceição — explica o delegado.
Além de Inchado, também foram indiciados pela morte de Colete, André Vilmar de Souza, o Nego André, 34 anos, apontado como o principal mandante do crime e atualmente preso na Penitenciária Modulada de Charqueadas, Vladimir Cardoso Soares, o Xu, 47 anos, que, segundo a polícia, até agosto dividia as ações na Vila Maria da Conceição com Colete, e mais dois homens, conhecidos como Wawa, 24 anos, e Vini, 28 anos, que não tiveram os nomes revelados pelo Departamento de Homicídios. Xu e Vini, que estão em liberdade, tiveram as prisões preventivas solicitadas pela polícia. Inchado também entraria nesta lista.
— Havia um pacto entre lideranças do tráfico da Vila Maria da Conceição e do bairro Santa Tereza que, provavelmente pela forma de comando do Colete, foi quebrado. A morte dele serviu tanto para eliminar o trito interno no grupo criminoso, quanto para sacramentar a ambição dos até então aliados de controlarem sozinhos o tráfico nesta área da zona leste — explica o delegado.
Colete foi morto enquanto visitava parentes na Vila Maria da Conceição. No ataque, um dos filhos também ficou ferido.
Após o crime, o bando seguiu à caça dos aliados de Colete. Cinco dias depois, em 28 de agosto, Alexandre Vieira da Silva foi morto e uma mulher ficou ferida, na Rua Irmã Nely. Na mesma rua, no dia 1º de setembro, Denis Rafael Guterres foi executado e outros dois homens ficaram feridos. Neste caso, além dos mandantes já apontados na morte de Colete, também foram indiciados outros cinco homens entre 19 e 36 anos. Somente um deles já está preso.
No dia 4 de setembro, de acordo com a polícia, aconteceu um contra-ataque, com a morte de Adão Adilson Ferreira da Silva. Outros dois homens e uma mulher ficaram feridos. Luís David Amaral de Souza, o Smile, 37 anos, considerado um dos principais aliados de Colete e atualmente preso, foi indiciado como mandante do crime. Outros três homens foram indiciados e um adolescente de 16 anos responderá como adolescente infrator. Todos estão presos.
O último crime atribuído pelos investigadores ao racha no grupo criminoso aconteceu no dia 16 de setembro de 2017. Sabrina Juliane Bittencourt e Mateus da Silveira Rodrigueiro foram mortos na Travessa Caxias. O crime, mais uma vez, foi atribuído ao grupo liderado por Nego André.
Uma semana depois, de acordo com a polícia, os pontos de tráfico de drogas na Vila Maria da Conceição já estavam controlados por este bando. Dentro do Presídio Central, no entanto, a tensão prosseguia. No dia seguinte à morte de Colete, integrantes da quadrilha do bairro Santa Tereza, que até então eram aliados a ele, foram expulsos da galeria que dividiam. Acabaram redistribuídos no próprio Central e na Penitenciária Estadual do Jacuí. Em novembro, os integrantes da quadrilha voltaram a ocupar o pátio do presídio. Eles exigem o controle sobre uma galeria, o que faria com que adquirissem ainda mais poder e o status de facção criminosa.