Condenado a 32 anos de prisão, o delegado Omar Abud está numa cela coletiva, junto com outros oito policiais civis e um juiz processados por crimes variados. "Um pesadelo surreal", define o delegado, em entrevista exclusiva concedida a GaúchaZH.
A carceragem dos policiais civis presos, na sede do Grupamento de Operações Especiais (GOE), não tem os rigores de uma penitenciária, mas tampouco é um albergue. Os presos ficam guarnecidos por agentes do GOE. Recebem visitas familiares duas vezes por semana, mas não têm visita íntima devido à falta de espaço. Assistem a uma TV coletiva, desligada tarde da noite.
Os presos trabalham na manutenção das celas, em atividades como limpeza, consertos e comida. Os únicos alentos são pesos para fazer musculação — apreciados por Abud, adepto das artes marciais — e uma mesa de sinuca, algo de que detentos de presídio não dispõem. Ele tem recebido visitas da família.
Está revoltado. Decorou a denúncia feita pelo Ministério Público contra ele e também a sentença que o condenou. Cada vez que tenta ler o processo se exalta, ao recordar as acusações que pesam contra si.
— Nem quem comete latrocínio, ladrão que mata para roubar, pega 32 anos de cana. Estão acabando com minha vida e nem sei por que estou preso. Me apresentei espontaneamente, não tentei fugir, não ameacei — relata, na entrevista.