Se um agente, quando se aposenta, ganha aquele tempo para pensar na família, a Dana e o Califa agora já não ficarão no confinamento do canil, necessário a um cão farejador. Terão pátio para brincar nas casas dos seus amigos humanos. Mas quando o assunto é família, alto lá, dona Dana.
— A idade dela já é um pouco avançada, haveria algum risco, mas fisicamente ela até poderia dar cria agora. Eu é que não deixo. Tenho ciúme, ora — brinca André Vizeu.
Os dois cães farejadores concluem sete anos de serviços do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) nesta terça-feira (26).
Faz 20 anos que ele trabalha com cães. Antes de entrar na Polícia Civil, há sete anos, atuava no canil do Batalhão de Operações Especiais (BOE), da Brigada Militar. E mesmo com tanta experiência, no último dia de expediente da Dana, Vizeu não conseguiu conter as lágrimas.
Também emocionado, André Travassos tem outros planos com o amigo Califa.
— Eu pretendo encontrar uma fêmea também com aptidões, como ele, e termos uma cria para adestrar e servir aqui no Denarc também — avisa.
E como o trabalho do núcleo não pode parar, a dupla Vizeu e Travassos já selecionou dois filhotes, buscados em Encruzilhada do Sul, que começam o treinamento e devem ser apresentados na próxima semana.
Mitos e verdades
Cães farejadores não são viciados: durante o treinamento e o trabalho, os cães não têm contato com as drogas. As buscas consistem no uso de um brinquedo com vestígios do odor da droga. O instinto de caça do animal é aproveitado para que ele aja na procura pelo seu brinquedo.
Os cães não brincam, treinam: os cães farejadores são adestrados para uma função específica, então, atuam como atletas, condicionados à função, no caso dos farejadores, olfativa.
O confinamento em canil: para que o cão atue com precisão, os adestradores explicam que ele precisa do confinamento. Quando sai daquele espaço, sabe que vai para a atividade que mais aguarda, o treinamento. Que é, na verdade, a busca pelas drogas.
A atividade desgasta: o padrão internacional adequado para o serviço de cães farejadores é entre seis e sete anos.
