Pombas brancas soltas ao céu e flores atiradas sobre o caixão de Masahiro Hatori, 29 anos, emocionaram na despedida ao estudante às 18h de sábado no cemitério Evangélico Luterano de Estrela, no Vale do Taquari. Ele foi morto durante um assalto na sexta-feira à tarde, em Porto Alegre, com um tiro na cabeça. A revolta da comunidade de 31 mil habitantes está expressa nas redes sociais, com dezenas de mensagens em apoio à família e questionando a falta de segurança no Estado, que chega à marca de um latrocínio a cada 10 dias na Capital.
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O secretário da Segurança Pública, Cezar Schirmer, preferiu não falar sobre o caso, mas garantiu que "está sendo preparado um conjunto de ações para fortalecer o policiamento ostensivo", adiantando apenas alguns detalhes do plano, segundo ele, para "não alertar os bandidos". Conforme Schirmer, 130 homens da Força Nacional de Segurança chegarão à Capital nesta semana e cerca de 2 mil policiais militares que estão no Litoral, retornarão para as suas bases. Também reforçou que irá pagar horas extras para 400 policiais aumentarem a segurança nas ruas.
– O aumento do policiamento vai ser sentido nas ruas – garantiu.
Conforme a Polícia Civil, dois homens estão envolvidos no ataque - um dirigia uma EcoSport branca e o outro foi o responsável pelo tiro disparado na frente da noiva de Hatori e de uma prima dela, quando o trio caminhava pela Rua Joaquim Silveira. A polícia está monitorando o eventual abandono do carro, situação muito comum depois de crimes desse tipo. Conforme o delegado Ajaribe Pinto, o estudante não reagiu ao assalto.
– É possível que o movimento dele para tirar a mochila das costas tenha sido interpretado como tentativa de resistir.
Família vivia momento de felicidade
Em um desabafo, o juiz federal Daniel Luersen, primo de Hatori, descreveu o jovem como um "cara tranquilo, bonachão e que não fazia mal para ninguém", que cultivava as amizades. Para não ficar longe dos amigos e da família, mesmo fazendo doutorado em Física na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), voltava quase todas as sextas-feiras para a sua cidade natal. Lá, com as duas irmãs, ambas mais jovens, integrava um grupo de danças folclóricas.
Na Capital, se dividia entre os estudos e os afazeres do apartamento onde morava com a noiva. Em 2010, formou-se em Física pela UFRGS e três anos depois concluiu o mestrado em Ciências dos Materiais na mesma universidade.