O Dia Nacional de Conscientização da Cardiopatia Congênita, celebrado em 12 de junho, tem o intuito de salientar a importância do diagnóstico e tratamento precoce da doença. As cardiopatias congênitas são condições causadas por defeitos na formação da estrutura do coração ou dos grandes vasos associados. Essas anomalias podem ser pequenas ou grandes, e de gravidade variada.
Nestor Daudt, coordenador da Setor de Cardiopatias Congênitas e Pediátricas do Instituto de Cardiologia, explica que o coração é um órgão bastante complexo, com válvulas, câmaras e vasos, e que pode facilmente apresentar malformações durante a vida fetal, fazendo com que o bebê nasça com algum defeito cardíaco. De acordo com o Ministério da Saúde, todo ano, aproximadamente 30 mil crianças nascem com a doença no Brasil, tendo em vista a taxa de incidência estimada em um caso a cada cem nascidos vivos.
Dados do Sistema de Informação de Mortalidade (SIM) apontam que a taxa de mortalidade relacionada à cardiopatia congênita é de 107 para cada 100 mil nascidos vivos. A causa da doença ainda não é totalmente conhecida pelos especialistas, mas alguns poucos casos podem ser hereditários, afirma Daudt.
Diagnóstico
O médico salienta que hoje em dia é possível fazer o diagnóstico de algumas cardiopatias — sobretudo as mais graves — ainda durante a gestação, por meio do ecocardiograma fetal. O exame é indicado para todas as gestantes e deve ser feito a partir do quinto mês de gravidez.
— Não são todos os defeitos que podem ser diagnosticados intraútero, mas os graves são percebidos já nessa fase, então a gente sabe que a criança vai nascer com aquela condição e já se procura fazer com que ela nasça em um lugar que possa tomar as medidas necessárias — esclarece Daudt.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), a ecocardiografia é oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) somente para pacientes de alto risco gestacional, que, quando constatada a necessidade, são encaminhadas para hospitais universitários referências no atendimento às gestações de alto risco e na realização do exame.
Para casos que não se enquadram nesse perfil, os exames que também podem ajudar a identificar indícios de cardiopatias são o ultrassom morfológico e o teste do coraçãozinho, que é realizado nas maternidades entre 24 e 48 horas após o nascimento.
Tratamento
O Ministério da Saúde destaca que, no Brasil, 80% das crianças cardiopatas precisam ser operadas em algum momento da vida. Para atender a essa demanda, o país conta com mais de 60 unidades habilitadas para realizar cirurgias cardiovasculares pediátricas.
Daudt afirma que existem locais que já fazem abordagens intraútero, principalmente quando o defeito diagnosticado pode evoluir com o tempo e se tornar ainda mais grave, aumentando o risco de vida para o bebê. Já após o nascimento, quando constatado que a anomalia não trará prejuízos durante os primeiros meses de vida, os procedimentos podem ser protelados:
— A cirurgia com a criança mais velha e mais pesada é mais segura. Mas há doenças tão graves, que exigem uma cirurgia logo nos primeiros dias ou semanas de vida.
Atualmente também existe a possibilidade de fazer procedimentos percutâneos, por meio do cateterismo. O médico salienta que, após passar por algum desses tratamentos de correção, a maioria das crianças com a doença consegue ter bom desenvolvimento e qualidade de vida.