Seu filho anda desmotivado, irritado e desatento às aulas? Fique de olho, o problema pode estar no prato. A alimentação inadequada - que resulta na deficiência de ferro - é a principal responsável pela anemia infantil, uma condição que acomete, no Rio Grande do Sul, cerca de 46% das crianças de até sete anos e 76% das menores de dois anos. Os dados são resultado de um estudo coordenado pela hematologista Lúcia Mariano da Rocha Silla, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).
A pesquisa apontou ainda que a condição atinge 36% das mulheres gaúchas em idade fértil. A anemia, causada pela diminuição da hemoglobina, proteína responsável por levar oxigênio para as células, manifesta-se de diversas formas, podendo gerar cansaço, desânimo, falta de força, indisposição e mal-estar em crianças e adultos. Nos pequenos, ela pode ainda trazer consequências mais graves se não tratada a tempo, como atrasos no crescimento e problemas no aprendizado. A boa notícia é que a solução pode ser simples.
- Tudo isso pode ser revertido com uma dieta reforçada e variada para as crianças - explica Lúcia.
Educar para comer mais proteínas
A melhor maneira, tanto de tratar como prevenir, é educar a criançada a ter uma alimentação diversificada e rica em proteínas e que, naturalmente, tem ferro ou que seja enriquecida com o nutriente. Aos que pensam que leite de vaca e ovo em abundância resolvem o problema, a nutricionista Daieni Fernandes, do Complexo Hospitalar da Santa Casa de Porto Alegre, alerta: eles não são fontes importantes de ferro.
- Os alimentos indicados para essa prevenção são as carnes de qualquer tipo animal e o fígado. Entre os de origem vegetal, dar as leguminosas (feijão, lentilha, ervilha), os grãos como nozes, açúcar mascavo, castanhas e as hortaliças como couve, agrião, salsa etc. são as melhores opções - detalha a especialista.
De mãe para filho
Considerado um problema de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a anemia pode trazer consequências ainda mais graves para as gestantes e seus futuros bebês. Conforme a hematologista Lúcia, mulheres grávidas devem prestar especial atenção para os níveis de ferro no sangue, já que a deficiência de hemoglobina da mãe aumenta o risco de bebês prematuros e pode causar problemas irreversíveis ao filho.
- A presença de anemia na gestante pode levar a criança a ter diminuição da capacidade cognitiva de forma irreversível, mesmo depois de tratada. Não adianta investir em educação se não houver comida boa para as crianças - alerta a especialista.
PRINCIPAIS SINTOMAS DA ANEMIA
- Fadiga generalizada
- Anorexia (falta de apetite)
- Menor disposição para o trabalho
- Dificuldade de aprendizagem nas crianças e apatia (elas se apresentam pouco ativas)
- Alterações na pele e em mucosas, nas unhas e nos cabelos, que se tornam frágeis
- Palidez
- Tonturas ao levantar
ALIMENTOS QUE PREVINEM
- Carne de qualquer tipo
- Leguminosas
- Grãos
- Hortaliças
O nutriente
Essencial para a vida, o ferro atua principalmente na síntese (fabricação) das células vermelhas do sangue e no transporte do oxigênio para todas as células do corpo
Importância
- Reduz o nascimento de bebês prematuros e com baixo peso
- Diminui o risco de morte materna no parto e no pós-parto imediato
- Melhora a capacidade de aprendizagem da criança
- Desenvolve a resistência às infecções
- É fundamental para o crescimento saudável
A anemia
Estado em que a concentração de hemoglobina no sangue está anormalmente baixa, em consequência da carência de um ou mais nutrientes essenciais, qualquer que seja a origem desta. Apesar da ausência de vários nutrientes contribuir para a ocorrência de anemias por carência de folatos, proteínas, vitamina B12 e cobre, indiscutivelmente a de ferro é, dentre todas, a mais preocupante. A anemia por deficiência desse nutriente é, atualmente, um dos mais graves problemas nutricionais mundiais, sendo determinada, quase sempre, pela ingestão deficiente de alimentos ricos em ferro ou pela inadequada utilização orgânica.
Causas
Tanto em crianças quanto em gestantes, são basicamente o consumo insuficiente de alimentos fontes de ferro ou com baixa biodisponibilidade. Na gestante, pode-se destacar também as baixas reservas de ferro pré-concepcionais e a elevada necessidade do mineral em função da formação dos tecidos maternos e fetais.