Veículos adaptados, desfiles de moda com modelagem especial, computador controlado pelo movimento dos olhos, elevador para piscinas, atividades esportivas, livros infantis impressos em braile e com imagens em relevo, tudo isso pode ser encontrado na 11ª Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade (ReaTech), a segunda maior feira de acessibilidade do mundo, que ocorre até domingo, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo.
O operador de caixa e estudante de fisioterapia, Bruno Ricardo Rodrigues da Silva, pela primeira vez visitando a feira, decidiu participar de uma corrida em cadeira de rodas para sentir a dificuldade que um cadeirante tem ao usar esse tipo de equipamento.
- Nunca tinha sentado em uma cadeira de rodas. É bem gostoso, bem diferente. É uma sensação estranha no começo, sem poder mexer as pernas para poder virar a cadeira de rodas ou poder olhar para trás. Foi bem interessante porque vi a dificuldade deles [das pessoas com deficiência]. Participando disso, percebi quais as dificuldades que eles têm - disse.
Uma arena esportiva foi montada pela Associação Desportiva para Deficientes (ADD), entidade sem fins lucrativos que tem o objetivo de promover o desenvolvimento da pessoa com deficiência por meio do esporte e da educação.
- Desenvolvemos [na arena esportiva instalada na feira] atividades de quadra, convidando entidades de todo o Brasil para fazer apresentações de várias modalidades paraolímpicas como vôlei, basquete e futebol. Assim, podemos contribuir para que as pessoas tenham a oportunidade de praticar alguma modalidade - declarou Sileno Santos, coordenador de Esportes da ADD.
No estande da Fundação Dorina Nowill para Cegos, os visitantes são convidados a 'ver a vida com outros olhos'. A ideia da fundação foi instalar diversas atividades sensoriais para estimular os cinco sentidos.
- Assim, a gente começa a perceber que, sem a visão, há outras possibilidades também - disse Adriana Kravchenko, gerente de Marketing e de Comunicação da fundação.
Coleção de livros infantis em braille é destaque
Uma novidade da feira, segundo Adriana, é a coleção de livros infantis em textos ampliados e em braille, além de ilustrações em relevo. São 10 livros para todas as crianças, não somente para as que têm deficiência visual. Todos foram distribuídos para 5 mil bibliotecas públicas do país.
- A criança com deficiência visual só consegue ter uma percepção da letra e da parte de alfabetização por meio do braille. Tendo recursos para poder ler, ela consegue se alfabetizar. Por isso, é muito importante ter livros em braile - ressaltou.
O livro atraiu a curiosidade de Elaine Alves da Silva, 23 anos, que tem deficiência visual e não escuta por um dos ouvidos. Tateando o livro, Elaine disse tê-lo achado 'muito lindo'.
- Um livro como este ajuda na educação porque incentiva a criança a aprender a ler e a escrever. Amo [ler]. Só não leio mais porque não há livros [adaptados] - disse.
Dados do Censo de 2010 indicam que 23,9% da população brasileira têm algum tipo de deficiência, o que representa um universo superior a 45 milhões de pessoas.
No ano passado, o setor de produtos e serviços para reabilitação movimentou cerca de R$ 1,5 bilhão. Desse total, R$ 200 milhões foram só com a comercialização de de cadeiras de rodas e R$ 800 milhões em automóveis e adaptações para veículos.
Tudo adaptado
Feira em São Paulo apresenta novidades em produtos para pessoas com deficiência
Fundação distribuiu livros infantis em braille e com ilustrações em relevo a 5 mil bibliotecas públicas do país
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