A busca intensa por um corpo ideal, saúde física e mental impecável pode trazer prejuízos, principalmente se forem adotados comportamentos de alerta, sem controle de como, quanto e o que comer.
Neste sentido, Maria Cláudia Hauschild, especialista em saúde da BurnUp, lista cinco comportamentos que, embora comuns, indicam que algo pode estar errado na sua relação com a alimentação saudável.
1. Pensar o dia inteiro em comida
Segundo a especialista, pesquisar ou salvar receitas o tempo todo, sejam elas saudáveis ou não, ficar pensando o que comeu, o que deveria ou não ter comido, o que irá comer ou o que gostaria de ter comido - mesmo que você tenha acabado de fazer uma refeição - pode ser um indicativo de que você está com fome ou comendo menos do que deveria.
Ao fazer uma restrição alimentar, o corpo lança mão de uma série de mecanismos adaptativos para se defender dessa “falta de comida”, mesmo que essa restrição seja autoimposta.
— Lembre-se, uma alimentação saudável inclui também comer comida em quantidade suficiente. Assim, quanto mais eu me restrinjo, mais meu corpo irá fazer com que eu busque comida e, normalmente, o desejo é por comida mais palatável, mais calórica — explica a nutricionista.
2. Contar calorias de tudo o que come
De acordo Maria Cláudia, as pessoas normalmente contam calorias buscando o déficit calórico e, consequentemente, o emagrecimento, mas isso não ajuda na busca pela alimentação saudável. No entanto, a preocupação excessiva com o que e quanto se come pode ser um indicativo de que a sua relação com a comida não está saudável.
— Não somos uma máquina que se satisfaz apenas recebendo as "calorias" necessárias. Somos seres humanos que têm vontades e é normal comer por outras razões, além das fisiológicas — afirma.
3. Classificar alimentos certos e errados
É fácil cair no comportamento de classificar os alimentos em certos ou errados, bons ou ruins, saudáveis ou não. Normalmente, tal classificação acontece exclusivamente pelo seu valor nutricional (e calórico), não levando em consideração, por exemplo, o momento que o alimento foi consumido, quantidade, entre outros pontos.
Porém, de acordo com a profissional, essa dicotomia alimentar faz com que, muitas vezes, as pessoas deixem de comer alimentos que gostam ou, quando comem, sentem muita culpa, achando que fizeram algo errado. Por isso, é sempre muito importante lembrar que uma alimentação saudável envolve diferentes aspectos, além dos biológicos. É um agir que manifesta também valores culturais, sociais, afetivos e sensoriais.
4. Verificar o peso todos os dias
Não é de hoje que, para muitas pessoas, a magreza é sinônimo de saúde, sucesso, beleza e até força de vontade. Por essa razão, algumas pessoas acabam buscando um controle muito rigoroso sobre o seu peso, avaliando o sucesso e saúde apenas pelo número que aparece na balança e se pesando diariamente.
— É importante saber que o peso do nosso corpo varia. Essa variação de peso não quer dizer que a pessoa engordou ou emagreceu "x" gramas. Trata-se apenas de uma variação normal do peso, que acontece ao longo do dia e semana e apenas diz se você está mais leve ou não — reforça a nutricionista.
5. Comportamentos compensatórios
Quando falamos de alimentação e corpo ideal, os comportamentos compensatórios são realizados, normalmente, para evitar o ganho de peso. Eles aparecem de diferentes formas e, muitas vezes, são comportamentos comuns, mas podem ser altamente prejudiciais para a saúde mental e física. Entre alguns exemplos, estão:
- Ir na academia excessivamente e unicamente para queimar as calorias de algo que comeu ou que irá comer
- Pular refeições, como não almoçar, porque tem uma festa à noite, ou jantar só salada, pois “exagerou” no almoço
- Tomar medicamentos (sem indicação médica) para evitar o ganho de peso
- Realizar jejuns excessivos ou até a adesão de dietas muito restritivas, visando a redução rápida de peso.
Segundo a nutricionista, os comportamentos compensatórios podem trazer prejuízos no funcionamento social, profissional e nas demais áreas da vida das pessoas.
Além disso, podem prejudicar a relação com a comida e com o corpo, afetar a saúde mental - trazendo sentimento de culpa, vergonha e ansiedade - e fazer com que o indivíduo se desconecte com os sinais de fome e saciedade. Isso pode levar a danos físicos, como distúrbios gastrointestinais e cardiovasculares, desnutrição e problemas dentários.
— É importante sempre lembrar que comer é um ato biopsicossociocultural e que a alimentação saudável deve levar em consideração mais do que sua composição nutricional — finaliza a especialista.