Em momentos de frustrações e insatisfação, é natural que se busque um responsável – culpado – por aquilo. Este sentimento de culpa, se não administrado, pode desencadear outras emoções, como raiva e vergonha. O equilíbrio entre todo este processo psicológico parte da responsabilidade.
A psicóloga Juliana Corrêa Pacheco, especialista em Neurociência e com formação em Terapia Comportamental Dialética, destaca que a responsabilidade e culpa não são conceitos equivalentes na psicologia, mas que um auxilia o outro no aspecto da saúde mental. A especialista classificou a culpa como uma emoção e a responsabilidade como um comportamento e atitude de mudança.
— A culpa nos mostra que algo que aconteceu vai contra o que consideramos certo e adequado, está ligada a um aspecto emocional. A responsabilidade é um compromisso para assumir e bancar as consequências, tornar os comportamentos mais conscientes, nos ajuda a olhar para o sentimento de culpa e direcionar nossas ações para um sentido maior de cuidado — explica Juliana.
A responsabilidade ajuda a compreender e mudar os hábitos que consideramos inadequados e resultam no sentimento da culpa, muitas vezes atrelado a situações ruins. Sentir-se culpado pode ser avassalador e dar início a sentimentos que podem representar damos à saúde mental, como raiva, vergonha e ansiedade, alerta Juliana. No entanto, ela pontua que a partir da compreensão, é uma emoção que abre a porta para mudar e tomar decisões mais assertivas, oriundas da atitude de aceitar as consequências do ato passado.
— Nas abordagens mais comportamentais, a gente busca pontuar as emoções como mensageiras da realidade. Ao invés de nos aprisionarmos no sentimento de culpa, buscamos acolher a emoção e entender por que ela está ali. A culpa é vista como uma emoção muito útil em determinadas circunstâncias, para enxergar nossos erros e fazer mudanças no comportamento.
Ao sentir-se culpado, o ser-humano tende a justificar o “erro”. Busca compreender se a sua atitude viola algo ou alguém. Este sentimento pode florescer de diferentes razões como, por exemplo, não atingir alguma expectativa – seja sua ou de outra pessoa. O primeiro passo para mudar, segundo a especialista, é a comunicação.
Mudança de hábitos
Alinhar expectativas, compreender atitudes e se comunicar é o primeiro passo para se afastar do sentimento de culpa. Os reparos de postura e comportamento são fundamentais, principalmente no âmbito profissional, para evitar atitudes mais agressivas.
— O primeiro passo é sempre organizar a comunicação. A gente aprende a falar desde muito cedo, mas temos que aprender a aprimorar a comunicação durante a vida, pois é através dela que construímos ações para mostrar que podemos reparar alguma coisa — salienta Juliana Pacheco.
A psicóloga reforça que reconhecer seus próprios limites e das pessoas com quem você se relaciona, ajuda a alinhar as expectativas e construir uma rotina com tarefas mais assertivas dentro do que corresponde a cada um. Por isso, para a especialista, a melhor saída é dialogar e comunicar-se.
*Produção: Lucas de Oliveira