Gerenciando uma das emergências mais procuradas por quem precisa de atendimento do Sistema Único de Saúde em Porto Alegre e tendo um hospital responsável por 32% das cirurgias do SUS do Estado, o Grupo Hospitalar Conceição (GHC) está com uma nova gestão. Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, o diretor-presidente Gilberto Barichello garantiu como prioridades medidas que ajudem a amenizar a superlotação das emergências e soluções para a falta de profissionais e a longa espera por procedimentos eletivos.
O déficit de 839 profissionais em um quadro de 8,5 mil (ou seja, cerca de 10% dos funcionários) pode já ter novidades em breve, segundo o diretor. A medida depende de orçamento federal, mas Barichello adianta a possibilidade de um anúncio nos próximos dias.
— Só no ano passado, por falta dessas vagas, foram gastos R$ 42 milhões em hora extra, o que não é da boa qualidade da gestão, porque hora extra é cara, é 100% da hora normal e, ao mesmo tempo, sobrecarrega os trabalhadores e aumenta os índices de afastamento — explica.
O diretor salienta que, só na linha cirúrgica, faltam 180 trabalhadores. Ele reforça, no entanto, que já está bem avançada a autorização para essas novas vagas junto ao governo federal.
— Estamos fazendo o máximo possível para que se anuncie nos próximos dias esses profissionais — garante.
Superlotação e ampliação das cirurgias eletivas
A superlotação das emergências, que já preocupa antes da chegada do inverno, também foi apontada pelo novo gestor como um assunto urgente. Segundo ele, o GHC quer reabrir, de forma gradativa, 133 leitos que foram sendo reduzidos desde 2016.
— Queremos ver os leitos que foram fechados para, internamente, também tomar medidas. Na operação inverno e na superlotação que está, aqueles leitos que muitas vezes se transformaram em uma sala administrativa, vão voltar a ser leitos — promete Barichello.
A fila para cirurgias eletivas é outro ponto que deve ganhar a atenção da gestão. Segundo o diretor, já foi autorizada a contratação de 11 anestesistas para o Hospital Conceição. Há também o plano de realizar procedimentos eletivos aos sábados e no turno da noite no Conceição e no Cristo Redentor.
— Já fizemos um plano para fazer mais de 2 mil cirurgias eletivas esse ano. A mais, além das que a gente faz no cotidiano, que dá uma média de 31 mil, fazer mais 2 mil a partir de maio. O Cristo Redentor já iniciou — salienta Barichello, que cita a apresentação do plano à Secretaria Estadual da Saúde, que já o teria encaminhado ao Ministério da Saúde.
Novo prédio para oncologia fica para 2024
Como a previsão de inauguração em 2022 do Centro de Oncologia e Hematologia do Grupo Hospitalar Conceição não se cumpriu, essa é outra pendência, diante da demanda crescente de pacientes com câncer. No Hospital Conceição, de cada 10 pessoas que entram na emergência, quatro têm a doença. A instituição é a que mais atende pessoas com esse diagnóstico no sul do país e, em Porto Alegre, é responsável por 43% das sessões de quimioterapia.
Com a obra prevista para ser finalizada em agosto, Barichello estima que sejam necessários mais de R$ 28 milhões para a estrutura interna e mais dois aceleradores lineares (equipamentos desenvolvidos para emitir radiação e combater ou diminuir o desenvolvimento do câncer).
— Fomos, já na transição, em Brasília e está para o governo liberar R$ 28 milhões e um acelerador linear para a gente poder abrir em junho do ano que vem — prevê.
Segundo o diretor, o prazo é pensando no tempo necessário para execução da licitação que vai adquirir os equipamentos (alguns comprados fora do país) e para que seja realizada a instalação.