Médicos estão proibidos de prescrever esteroides anabolizantes para pacientes que buscam ganho muscular, performance esportiva ou estética, de acordo com uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) publicada nesta terça-feira (11) no Diário Oficial da União. A norma veda os profissionais de saúde de indicarem o uso de hormônios andrógenos (como testosterona e seus derivados) em casos sem deficiência comprovada, no esporte amador e profissional ou para a beleza, além de proibir a realização de cursos, eventos ou apologia a essas medicações para esses fins.
A resolução ressalta "a inexistência de estudos clínicos randomizados de boa qualidade metodológica que demonstrem a magnitude dos riscos associados à terapia hormonal androgênica em níveis suprafisiológicos, tanto em homens quanto em mulheres" e "a crescente divulgação, entre a população, de novos métodos terapêuticos baseados no emprego de hormônios androgênicos ou outros tipos de suplementos sem evidências clínico-científicas que comprovem a sua segurança".
Hoje, os esteroides anabolizantes são indicados por sociedades médicas em casos específicos, como terapias de reposição em casos de deficiência de testosterona e para a transição de gênero de homens transexuais, por exemplo, mas o uso "fora da bula" em altas doses para finalidades estéticas ou esportivas se espalhou nos consultórios e nas redes sociais, segundo entidades médicas que endossaram a decisão.
“Esta resolução é uma vitória da boa Medicina e da Ciência. Ela protege a sociedade de uma narrativa que vinha sendo contada de que existe segurança no uso de terapias hormonais para essas finalidades, e em doses supra fisiológicas, o que não é corroborado pelas evidências científicas disponíveis e coloca em risco a vida dos pacientes”, disse o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Paulo Augusto Miranda, em comunicado à imprensa.
A nova resolução do CFM foi corroborada por SBEM, Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e do Exercício (SBMEE), Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) e Associação de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), que emitiram nota conjunta em apoio à votação da norma.