Os casos de câncer de mama em homens representam cerca de 1% do total, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca). A estimativa do órgão é de 66,2 mil novos registros da doença ao ano em pacientes de ambos os sexos. Apesar de ser mais comum em mulheres, o número de homens afetados passaria de 600 a cada ano. A maior preocupação dos especialistas é que, diferentemente do feminino, o câncer de mama masculino costuma ser diagnosticado em estágios mais avançados.
Os homens não têm as mamas desenvolvidas, mas têm tecido mamário, que é onde o câncer de mama pode se desenvolver. Não se sabe qual a origem da doença no sexo masculino, e a genética pode ser um fator que contribui para o desenvolvimento do tumor.
— Em até 40% dos casos, o homem com câncer de mama tem os genes BRCA (genes supressores de tumores) mutados. Nas mulheres, o câncer de mama por BRCA mutados é em até 10% dos casos. Ainda, entre 30% e 40% dos casos da doença no sexo masculino, o paciente tem algum parente próximo diagnosticado — acrescenta o diretor da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), José Luiz Pedrini.
Não existe uma fórmula exata para prevenir o câncer de mama masculino. Pedrini ressalta que é importante os homens manterem uma rotina de exercícios físicos e uma dieta balanceada, sem consumo excessivo de álcool. Segundo ele, a bebida alcoólica pode alterar o sistema hormonal e, por sua vez, ser um fator de risco para o desenvolvimento da doença.
Para as mulheres, a mamografia é uma forma de prevenção, uma vez que possibilita o diagnóstico precoce da doença. Para os homens, porém, não é uma opção. Tendo em vista que a doença é incomum, não é viável que todos os homens realizem exames de rastreamento anualmente, como fazem as mulheres. O recomendado, portanto, é que a população masculina esteja atenta aos sinais.
Sintomas e diagnóstico
Um nódulo endurecido na área da mama, principalmente atrás de um dos mamilos, é o principal sinal de alerta do câncer de mama masculino. Secreção pelo mamilo, irritação de pele na área e feridas em torno do mamilo também estão entre a lista de sintomas. O oncologista da Oncoclínicas do Rio Grande do Sul Pedro Liedke explica que o nódulo é indolor, mas que o paciente consegue sentir ao apalpar a área.
Liedke conta que não é incomum que pacientes cheguem ao consultório com feridas na região, uma vez que o nódulo repuxa a pele. Ao perceber qualquer um dos sintomas, a orientação é buscar um médico para a realização de uma biópsia. Segundo o oncologista, após o paciente realizar uma ecografia para localizar o nódulo, uma agulha especial é utilizada para retirar uma parte do tecido, que, então é levado para a biópsia.
— Normalmente os homens são diagnosticados no estágio II ou III da doença. O mais avançado é o estágio IV, que é o da metástase. O homem não imagina que possa ter câncer de mama e não tem costume de procurar médicos. Sabemos, também, que o acesso à saúde complementar também é um fator importante — conta. A idade média de diagnóstico dos homens é 65 anos, alguns anos a mais que a idade média das mulheres.
Tratamento e cura
A biópsia vai determinar se o tumor é benigno ou maligno. Se benigno, não há necessidade de tratamento. Se maligno, o médico e o paciente devem, então, planejar uma ação. As opções são as mesmas disponíveis para o tratamento de câncer de mama feminino: cirurgia, e tratamentos complementares, como quimioterapia, imunoterapia e hormonioterapia.
Segundo Pedrini, em alguns casos, o médico optará por fazer a cirurgia e, depois, complementar com os outros tipos de tratamento. Em outros casos, o contrário. O que define a decisão é o tipo, estágio e tamanho do câncer.
— O tratamento cirúrgico prevê a retirada da mama para remoção do tumor. Se ficar deformidade, dá para fazer uma injeção de gordura no local. Se tiver que tirar a aureola e o mamilo, o paciente pode fazer uma tatuagem, caso queira. Ele vai poder andar sem camisa normal, sem aparentar diferença — ressalta.
Através de medicamentos, a quimioterapia danifica células que se multiplicam com rapidez, impedindo que elas se espalhem pelo corpo. Segundo o Ministério da Saúde, a imunoterapia busca combater o avanço da doença pela ativação do sistema imunológico do paciente. Já a hormonioterapia bloqueia os hormônios receptores do câncer, inibindo o crescimento do tumor.
— A média da sobrevida, ou seja, da cura do câncer de mama masculino é de 51,7%. Enquanto isso, a do câncer de mama feminino é de 66,5%. Os homens escondem, chegam muito tarde no consultório — ressalta. Quando diagnosticado em estágios anteriores, as chances de cura são ainda maiores.
*Produção: Yasmim Girardi