Associada à queda de cabelo, alopecia é uma doença que tem mais de uma classificação, conforme o tipo. Alguns famosos já revelaram viver com a condição, entre eles atores como Viola Davis, Nicolas Cage, Alyssa Milano, Ricki Lake e Jada Pinkett Smith, que chegou a raspar a cabeça. Os ex-BBBs Lucas Penteado, Juliette e Eslovênia também enfrentam o quadro.
Há dois tipos principais de alopecia: a androgenética e a areata. Médica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Samanta De Rossi explica a diferença entre as duas. A alopecia androgenética é a chamada calvície, que pode afetar homens e mulheres, sendo menos comum entre o sexo feminino. Ela está relacionada a características genéticas. A queda capilar é mais difusa, sendo mais pronunciada em alguns locais, como o topo da cabeça, na risca do cabelo ou em entradas laterais, sobre as têmporas.
— A pessoa responde de forma um pouco diferente à ação dos hormônios masculinos (andrógenos) no couro cabeludo. O cabelo cicla ao longo da vida. Em quem tem alopecia androgenética, no momento em que o cabelo cicla, o folículo se insere em uma região mais superficial, e o pelo produzido pelo folículo vai ficando mais fino — diz Samanta.
Nesses casos, o fio do cabelo torna-se mais fino e curto até chegar em um estágio em que fica pequeno e não cobre mais o couro cabeludo.
— Pode acontecer antes da velhice. Nos homens, é até mais comum em uma idade mais precoce do que nas mulheres. Depende muito da genética — complementa a dermatologista.
Quanto ao outro tipo, a alopecia areata, é uma doença autoimune — as células de defesa do organismo atacam o próprio corpo, neste caso, as células do folículo piloso, que produz a haste do pelo e do cabelo. Ela pode ser desencadeada com fatores como o estresse.
— A androgenética é progressiva, já a areata acontece de repente, é súbita. É mais comum que ocorra em placas (áreas de falha no couro cabeludo). A pessoa tem uma propensão para a alopecia areata e, por algum gatilho, como um estresse mais intenso, acaba desencadeando uma resposta autoimune, que causa uma inflamação brusca e forte nos folículos, e o pelo acaba caindo ou quebrando. Fica praticamente sem pelos naquela placa — descreve Samanta.
A alopecia areata também se apresenta como difusa (de forma mais espalhada, sem áreas totalmente sem cabelos), total (quando caem todos os fios do couro cabeludo) e universal (além de todos os fios de cabelo, perdem-se ainda os pelos do corpo). Outros locais, como barba, cílios e sobrancelhas, também podem ter alopecia.
Tratamento
Para qualquer caso de queda capilar, é fundamental a avaliação de um especialista. No caso da alopecia androgenética, o potencial do tratamento depende da situação no momento do diagnóstico. Será necessária uma intervenção permanente, para a vida toda, pois não há cura, apenas controle.
— Precisa ser descoberta cedo, e tem de ter bastante paciência — salienta Samanta.
Quanto à alopecia areata, o tratamento combaterá a inflamação e a atividade autoimune, o que permite que o cabelo cresça novamente. Em geral, a queda pode ocorrer em outros momentos futuros. Pelos de outras regiões, como cílios e barba, também são suscetíveis. Para algumas pessoas pode se tornar crônica.
— Chega uma hora em que não nasce mais cabelo. Não quer dizer que o folículo esteja morto, mas a alopecia se cronifica, e não nasce mais cabelo. É o mais drástico — pontua a médica do HCPA.
Sinais de alerta
É normal perder de 50 a cem fios de cabelo por dia, algo fácil de se notar no banho ou sobre o travesseiro. Se você perceber aumento da queda, é preciso investigar as causas. Busque a orientação de um dermatologista para tirar dúvidas e, se necessário, dar início ao tratamento indicado o mais rapidamente possível.
Preste atenção a fatores como
- Diminuição do volume e da quantidade de cabelo na cabeça
- Surgimento de placas (áreas) sem cabelo
- Coceira, dor ou lesões (feridas, espinhas) no couro cabeludo
- Áreas sem pelos na barba, nos cílios ou nas sobrancelhas
Prevenção
Como as causas da doença são desconhecidas, não há formas de preveni-la. A Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) sugere algumas dicas:
- Reduza o estresse, pois as crises agudas de queda podem se associar a períodos críticos, tais como problemas no trabalho ou na família, mortes, cirurgias, acidentes etc
- Procure se informar sobre a doença, pois ajuda a compreender a evolução e a reduzir a ansiedade
- Para proteger a cabeça, invista em perucas, chapéus