Incorporada de forma escalonada ao Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2014, a vacina que protege contra o Papilomavírus Humano (HPV) é aplicada mesmo antes da adolescência porque é mais efetivo quando a imunização é feita antes do início da vida sexual. A vacina é utilizada em mais de cem países, incluindo o Brasil, como estratégia de prevenção e redução de doenças ocasionadas pelo vírus, como cânceres do colo do útero, vulva, vagina, região anal, pênis, boca e garganta. Outro benefício é diminuir a ocorrência de verrugas genitais, conhecidas como condiloma.
Em 13 de setembro, o governo federal ampliou o grupo que pode tomar o imunizante. Com a mudança, o imunizante passa a ser aplicado permanentemente no público-alvo entre nove e 14 anos de idade, independentemente do sexo. Até então, a vacina só estava disponível para meninas de nove a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos.
Entenda mais sobre o vírus:
O que é o HPV?
Vírus transmitido pela relação sexual ou pelo contato direto com pele ou mucosas infectadas, o HPV é responsável pela quase totalidade dos casos de câncer do colo do útero, por mais de 90% dos casos de câncer anal e por 63% dos cânceres de pênis, além de parte de outros tipos de tumores, como os de garganta, vulva e vagina.
O que está previsto agora no Programa Nacional de Imunizações (PNI)?
Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a imunização contra o HPV só estava prevista para meninas de nove a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Com a mudança, a vacinação passou a ser aplicada em todos na faixa etária entre nove e 14 anos de idade, independentemente do sexo. A ampliação foi divulgada pelo governo federal em 13 de setembro deste ano, sendo posteriormente adotada por Estados e municípios brasileiros. Está disponível em duas doses, com intervalo de seis meses entre a primeira e a segunda aplicação. No entanto, a Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm) continua recomendando a aplicação de três doses.
— A primeira dose aos nove anos, a segunda dose depois de dois meses e a terceira deve ser aplicada seis meses após a primeira dose. O Programa Nacional de Imunizações recomenda apenas duas doses na rede pública, com a dose inicial e a segunda dose após seis meses, baseando-se em estudos de efetividade e eficácia com esquema reduzido de doses — explica Lorena de Castro Diniz, coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai).
Qual a importância de meninos e meninas se vacinarem contra o HPV entre a faixa etária entre nove e 14 anos?
Segundo a coordenadora do Departamento Científico de Imunização da Asbai, a vacina é recomendada para crianças e adolescentes entre nove e 14 anos porque está comprovado que nesta faixa etária há uma maior imunogenicidade, ou seja, uma ampliação de formação de produção de anticorpos neutralizantes contra esse vírus.
— Além de que há chance de que ainda essas crianças não tenham tido o contato com o vírus, propiciando prevenção prévia contra ele — acrescenta.
Gustavo Adolpho de Oliveira, especialista em endoscopia ginecológica e ginecologia oncológica do Hospital Leforte Unidade Liberdade, reforça que a vacinação é fundamental. — Desta forma, vamos conseguir aumentar a gama de pacientes vacinados e, com isso, as lesões causadas pelo HPV vão ter impacto menor na incidência. Quanto maior a quantidade de vacinação, menos casos de câncer de colo de útero, por exemplo, vamos ver no futuro, que é o mais importante. Na Brasil, é o segundo tipo de câncer ginecológico, somente perde para o câncer de mama — afirmou ele.
A ampliação da faixa etária é importante?
— É muito importante essa ampliação da imunização contra HPV em meninos a partir de nove anos. Ao contrário do que muita gente pensa, o vírus não está somente associado ao câncer de colo de útero, mas para meninos o risco é iminente devido à incidência de câncer de pênis, ânus, de faringe, de garganta e verrugas, doenças ocasionadas pelo HPV — explica Lorena de Castro Diniz.
A vacina é segura?
Sim. São poucos os efeitos colaterais. Pode dar um pouco de febre e dor no local de aplicação. A eficácia chega a 98% de proteção para crianças que tenham recebido o esquema de vacinação completo segundo a faixa etária.
A vacinação quadrivalente oferece proteção contra quatro subtipos dos vírus do HPV, maiores responsáveis pela formação de verrugas e tipos de câncer de pênis, ânus, de faringe e de garganta.
Qual o número de infectados por HPV no Brasil e no mundo?
Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que o Brasil tenha ao menos 10 milhões de infectados pelo Papilomavírus Humano e que, a cada ano, 700 mil casos novos da infecção surjam. No mundo, cerca de 105 milhões de pessoas são positivas para o HPV 16 ou 18.
Quem não tomou na infância pode se imunizar posteriormente?
Gustavo Adolpho de Oliveira diz que pacientes que já tiveram contato com o HPV têm solicitado o uso da vacina.
— Temos prescritos no último ano para pacientes mais velhos já com vida sexual e que tenham HPV positivo ou até lesões de HPV. O que temos observado é que esses pacientes, entre 25 e 35 anos, que tomam a vacina têm os níveis de HPV diminuídos. Prescrevo e tomam na rede particular — reforçou ele.