Após orientação para ampliação dos públicos-alvo por parte do Ministério da Saúde (MS), a Secretaria Estadual da Saúde (SES) anunciou que orientou as 18 Coordenadorias Regionais da Saúde a alterar as faixas etárias que podem receber imunizantes contra o papilomavírus humano (HPV) e a meningite. Com a decisão, meninos de nove e 10 anos de idade podem tomar a vacina contra o HPV permanentemente através do Sistema Único de Saúde (SUS). Já no caso da meningite, adolescentes de 13 e 14 anos poderão tomar a vacina Meningocócica ACWY, que imuniza contra quatro diferentes tipos da doença, até junho de 2023.
A orientação nacional também indica que crianças de até 10 anos de idade que não tenham tomado a Meningocócica C, que protege o imunizado apenas contra a meningite de tipo C, também devem receber uma dose do imunizante, além de profissionais da saúde, mesmo que tenham o esquema vacinal completo. A Secretaria Estadual da Saúde afirma que as orientações devem ser seguidas já na Campanha de Multivacinação, que foi prorrogada nacionalmente até 30 de setembro.
Segundo Adriana Moschen, sanitarista e especialista em Saúde do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS) que trabalha no Programa Estadual de Imunizações, a liberação do MS se dá porque a condição de portador do meningococo, que provoca a infecção por meningite meningocócica, entre adolescentes é mais comum.
— O adolescente porta, contamina e às vezes nem manifesta a doença. A ideia é justamente cortar a condição de portador do adolescente — comenta Moschen.
Segundo o MS, a faixa etária com maior risco de infecção por meningite meningocócica é a de bebês de até um ano de idade, mesmo que os principais vetores de transmissão sejam os adolescentes. A doença provoca inflamação na meninge, membrana que envolve o cérebro e a medula espinhal, e a contaminação ocorre por vias aéreas. No Rio Grande do Sul, Moschen afirma que se dará prioridade à aplicação da vacina de tipo ACWY, já que protege contra a meningite de tipos A, C, W e Y.
— Aqui no Estado, a incidência do tipo C é maior do que a média nacional e isso é monitorado pela SES — acrescenta a sanitarista.
No caso da imunização contra o HPV, que provoca a quase totalidade dos casos brasileiros de câncer de colo do útero, 90% de câncer de ânus e 63% dos cânceres de pênis, Moschen afirma que a importância é de justamente imunizar os adolescentes contra cepas carcinogênicas.
Apenas no caso do câncer de colo do útero, a especialista afirma que são esperados 720 casos ao ano no Estado, sendo o terceiro tipo de câncer mais comum no Brasil entre as mulheres. Com as mudanças, todos na faixa etária entre nove e 14 anos de idade terão acesso à imunização contra o HPV, independentemente do sexo.
— A vacina (contra o HPV) é de suma importância justamente por proteger contra cepas que são carcinogênicas. Além do colo de útero, ela também atua contra cânceres orofaríngeos, anais e genitais — explica Moschen.