O Rio Grande do Sul atingiu oficialmente, nesta sexta-feira (13), 50% de toda a população com dose de reforço contra a covid-19, mostram estatísticas da Secretaria Estadual da Saúde (SES-RS). Dentre 11,4 milhões de gaúchos, cerca de 4,8 milhões tomaram três doses das vacinas CoronaVac, Pfizer e AstraZeneca ou duas doses consecutivas da Janssen.
A marca ocorre oito meses após o início da aplicação da dose de reforço contra a covid-19 em todo o país. Desde o início da campanha de vacinação, em janeiro do ano passado, cerca de 87,3% dos gaúchos tomaram a primeira dose e 79,6%, completaram o esquema primário. A meta do Ministério da Saúde é completar a vacinação em 90% de cada público-alvo.
Desde abril, o Palácio Piratini seguiu diretrizes internacionais e passou a considerar que o esquema vacinal completo exige dose de reforço, não apenas duas doses. Portanto, todos os gaúchos precisam tomar três doses de Pfizer, AstraZeneca e CoronaVac ou duas doses consecutivas da Janssen.
Mais recentemente, o governo orienta a quarta dose (também chamada de segundo reforço) para idosos com 70 anos ou mais e pessoas com imunossupressão. Quem não tomou o reforço finalizou apenas o esquema primário e não está suficientemente protegido contra a covid-19. Dados desta sexta-feira mostram que cerca de 746 mil gaúchos estão com a segunda dose atrasada e 2,9 milhões, com a terceira dose em atraso.
A marca de metade da população gaúcha com dose de reforço é alcançada em um momento no qual a vacinação estaciona no Estado. Se, na metade de janeiro, o Rio Grande do Sul chegou a aplicar, em média, 57 mil terceiras doses por dia, nesta semana apenas 3 mil gaúchos recebiam a terceira dose, na média diária.
A dose de reforço é fundamental quatro meses após a segunda dose para evitar casos graves, sobretudo entre idosos e imunossuprimidos, reforça o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), Juarez Cunha. Entre idosos gaúchos com 80 anos ou mais, 78,4% tomaram a dose de reforço, percentual que cai para 29% entre indivíduos dos 18 aos 29 anos.
— A dose de reforço é importante para recuperar a proteção que cai ao longo do tempo, principalmente na população mais vulnerável. Com a Ômicron, é fundamental ter a primeira dose de reforço e, para quem tem 70 anos ou mais, a segunda dose de reforço — diz o médico.
O presidente da Sbim destaca que o número de novos casos de covid-19 voltou a crescer no Rio Grande do Sul, assim como no resto do Brasil, e que uma explosão de hospitalizações e mortes só não se deu graças à vacinação.
— Que bom que 80% da população está com duas doses. Mas esses 50% de pessoas com o reforço poderiam ser mais. Quanto maior o número de pessoas não vacinadas com o esquema completo, maior a chance de os números aumentarem. A gente gostaria que o reforço estivesse maior porque ele é fundamental para evitarmos uma doença mais grave entre a população — acrescenta Cunha.
Dados do portal coronavirusbra1.github.io mostram que o Rio Grande do Sul tem a sexta maior cobertura de dose de reforço do país, atrás de São Paulo, Piauí, Paraná, Paraíba e Ceará. O Estado já alternou entre as três primeiras posições, mas perdeu espaço.
Se o Rio Grande do Sul fosse um país, teria uma cobertura de dose de reforço próxima à do Canadá, onde 54% dos habitantes completaram o esquema vacinal. No Chile, a cobertura é de 94%, na Itália é de 66% e, em Portugal, de 62%, conforme dados do Our World in Data.
A adesão à terceira dose é um entrave em todo o Brasil, não só em solo gaúcho, ressalta Ana Costa, secretária-adjunta de Saúde do Rio Grande do Sul. No início, a aplicação foi massiva porque atraía a população mais sensibilizada à importância da vacinação - mas, agora, esbarra em quem não prioriza a vacinação.
— Antes de vir a covid, a vacinação da influenza melhorava no dia seguinte após uma morte por gripe. O medo fazia a população se vacinar. Hoje, com a covid, está um pouco banalizado ouvir falar de morte por doenças infecciosas, isso não sensibiliza mais quem não tem convicção de se vacinar. A questão é que não existe proteção pela metade. A covid pode não ser grave em todos os casos, mas é mais grave em pessoas sem esquema completo — diz Costa.
Para atacar o problema, a secretária-adjunta da Saúde afirma que o Palácio Piratini está preparando uma campanha publicitária para lembrar a adultos gaúchos sobre a importância de completar o esquema vacinal - a previsão é de lançamento ainda neste mês.
Seguindo tendência nacional, a vacinação infantil contra o coronavírus é baixa no Rio Grande do Sul: 59% das crianças tomaram a primeira dose e 32%, tomaram a segunda.