Em evidência nas últimas semanas, as novas subvariantes Ômicron XQ, XE, XF e XD, são algumas das diversas cepas que não foram nomeadas com letras do alfabeto grego, conforme padrão estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em maio de 2021. Isso porque, ao anunciar o uso de termos como Alfa, Beta e Delta para se referir às variantes, o órgão informou que a nomeação seria direcionada somente àquelas classificadas como “variante de interesse (VOI)” ou “variante de preocupação (VOC)”, o que ainda não é o caso das recentes recombinações.
Fernando Spilki, professor de Virologia da Universidade Feevale, ressalta que não se trata de uma mudança na nomenclatura, já que existem milhares de linhagens batizadas com letras comuns e números. De acordo com ele, para ser definida como uma variante de interesse ou de preocupação e ser nomeada conforme o alfabeto grego, uma cepa precisa demonstrar características específicas definidas pela OMS — algo que não ocorre com a grande maioria.
— Para receber essa definição, a variante precisa ter uma disseminação extremamente rápida, como foi com a Ômicron, apresentar maior transmissibilidade e um escape vacinal (quando as vacinas existentes podem perder parcialmente a eficácia), mudando momentaneamente a história da pandemia no mundo — explica.
Entre as cepas anteriores que geraram esse impacto, o especialista cita a Alfa, detectada pela primeira vez no Reino Unido, a Beta, da África do Sul, a Gama, do Brasil, e a Delta, da Índia.
— Inicialmente, a variante Gama ganhou o nome de P.1. Se nunca tivesse se tornado importante, chamaríamos de P.1 para sempre, mas ela causou um surto de grandes proporções na América Latina, gerou preocupação, então foi nomeada com a letra grega — exemplifica Spilki.
O professor destaca que as novas recombinações (XQ, XE, XF e XD) também exigem atenção e são importantes para o monitoramento do coronavírus, mas que elas ainda não demonstram as características necessárias para serem classificadas como preocupantes pela OMS, já que apresentam os mesmos traços observados na Ômicron e ainda não se tornaram dominantes nos locais onde surgiram. Isso significa que nem todas as cepas identificadas terão potencial para gerar mudanças relevantes no cenário da pandemia.
— Não esperamos que essas recombinantes tenham potencial para gerar surtos de grandes proporções e se espalhar pelo mundo, como a Ômicron. Isso não quer dizer que elas não tenham nenhum risco que possa impactar no futuro, mas estamos constantemente investigando — pondera.
Classificação atual das variantes, conforme a OMS
- Variantes de preocupação (VOCs) atualmente circulando: Delta e Ômicron - incluindo BA.1, BA.2, BA.3, BA.4, BA.5 e linhagens descendentes, além das formas recombinantes, como a XE.
- Variantes de preocupação (VOCs) em circulação anteriormente: Alfa, Beta e Gama.
- Variantes de interesse (VOIs) em circulação anteriormente: Épsilon, Zeta, Eta, Theta, Iota, Kappa, Lambda e Mu.
- Variantes sob monitoramento (VUMs): B.1.640 e XD.
*De acordo com a OMS, não há variantes de interesse circulando atualmente.