Um acordo assinado na última terça-feira (3) vai permitir a produção no Brasil de um medicamento antiviral oral para tratar a covid-19. O molnupiravir, cujo uso no país foi autorizado na quarta-feira pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), será fabricado a partir de um acordo assinado pelo Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a farmacêutica americana Merck Sharp & Dohme (MSD).
Com o oficialização do acordo, que era negociado há mais de um ano, a Fiocruz passará a ser responsável pela armazenagem, administração, rotulagem, embalagem, testagem, liberação, importação e fornecimento do molnupiravir para o Sistema Único de Saúde (SUS). A transferência da tecnologia para a produção 100% nacional será viabilizada ao longo dos próximos dois anos, após avaliação das condições técnicas e demanda do SUS pelo molnupiravir. O acordo também prevê a condução de ensaios clínicos do medicamento e até mesmo o início de estudos para analisar se ele terá efeito em outros vírus endêmicos no Brasil, como a dengue e a chikungunya.
— Além do avanço da vacinação de covid-19 no país, podermos agora contar adicionalmente com um medicamento que contribui para a redução o número de pacientes com covid-19 leve a moderado que progridem para doença grave, que certamente terá um forte impacto positivo no SUS e no enfrentamento à pandemia — comentou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima.
O medicamento já é usado em outros 17 países no tratamento para covid-19.
— Estamos felizes de darmos este primeiro passo para garantir o acesso à população brasileira a um medicamento eficiente que reduz significativamente as hospitalizações e 89% de redução da mortalidade — comenta Hugo Nisenbom, presidente da MSD no Brasil.
Indicação do medicamento
Segundo a autorização de uso emergencial concedida pela Anvisa, o monulpiravir será indicado para o tratamento de pacientes de covid-19 maiores de 18 anos que não necessitam de oxigênio suplementar e apresentam risco de evolução para a forma grave da doença. O medicamento necessitará de prescrição médica e não deverá ser utilizado por mulheres grávidas.
A aprovação não significa que o medicamento será oferecido, imediatamente, no Sistema Único de Saúde (SUS). Após a aprovação do uso pela Anvisa, a medicação precisa ter recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), que analisa os estudos e avalia se é viável a incorporação ao SUS. A partir disso, o Ministério da Saúde decide se faz o encaminhamento.