Saber reconhecer a dengue pode ser cada vez mais importante na vida dos gaúchos, já que o Rio Grande do Sul tem sofrido um aumento brusco nos casos. Foram mais de 13 mil infecções do início do ano até abril, um recorde no Estado, além de 89% dos municípios infestados pelo Aedes aegypti.
Como os principais sintomas são parecidos com uma gripe e até com outros problemas de saúde, pode haver confusão. Febre que surge repentinamente já acima dos 38°C costuma ser uma das principais manifestações, seguida de diferentes dores. Só em situações graves pode haver sangramento, pois a dengue, na maioria dos casos, não evolui para formas graves, garantem os especialistas — o que não exclui a necessidade de atendimento médico.
— Na dengue clássica, a febre é alta, acima dos 38°C, e de início súbito. Além disso, há dor de cabeça, dor atrás dos olhos, dores musculares, perda de apetite, manchas avermelhadas na pele, parecidas com queimaduras de sol, além de tonturas, enjoos e vômito — acrescenta o infectologista Paulo Ernesto Gewehr Filho, do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre.
Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, a maioria dos pacientes infectados neste ano no Estado apresentou febre (85,5%), dores musculares (80,7%) e dor de cabeça (77,8%). Também estiveram presentes queixas como náuseas (49%), dor nas costas (40,5%), dor atrás dos olhos (32,7%), vômitos (25,3%) e dor nas articulações (23%).
É a ausência de sintomas respiratórios o que ajuda a distinguir a dengue de uma gripe, observa o diretor adjunto da Vigilância em Saúde de Porto Alegre, o pediatra Benjamin Roitman.
— A gripe dá tosse, coriza, catarro, secreção. No caso da dengue, não temos sintomas respiratórios — frisa o médico, que acompanha de perto os casos de dengue na Capital.
Outra forma de levantar a suspeita de dengue é observar se o lugar onde a pessoa reside tem surtos da doença, diz Roitman. Em Porto Alegre, por exemplo, os lugares com maior transmissão são os bairros Jardim Carvalho, Bom Jesus, Agronomia, Vila Nova, Ipanema, São José e Partenon.
— Isso é muito importante quando desconfiamos da dengue. Se a pessoa começou com febre alta e dor nos olhos, e disser que mora no Jardim Carvalho, direi que tudo indica que é dengue — explica.
Crianças
O caminho para reconhecer a dengue em crianças é o mesmo, já que os sintomas são iguais. No entanto, como elas costumam ter dificuldade em expressar o que sentem, é fundamental prestar atenção nas mudanças de comportamento. Irritabilidade, choro, apatia, falta de vontade para brincar, ausência de fome, além de fezes amolecidas e a já conhecida febre alta podem apontar que o pequeno foi picado pelo Aedes.
— Uma criança de seis meses não vai conseguir especificar o que sente. Se ela está irritada e parar de se alimentar, se ficar chorando, tem que procurar o médico — sugere Gewehr Filho.
Com a desconfiança em pé, ir ao posto de saúde ou ao pronto-socorro é o próximo passo para garantir o diagnóstico e espantar qualquer incerteza, diz a enfermeira Cátia Favreto, que atua no programa de arboviroses do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS).
— A dengue pode ser confundido com inúmeras coisas. A orientação é que, se esses sintomas surgirem, que as pessoas procurem logo um atendimento e não deixem o quadro agravar — diz.
Os principais sinais da dengue:
- febre alta e repentina, acima dos 38°C;
- dores pelo corpo;
- dor de cabeça;
- dor atrás dos olhos;
- manchas vermelhas na pele;
- náuseas e vômitos;
- ausência de sintomas respiratórios