O contraste das manchas brancas na pele negra de Natália Deodato, do BBB22, remete automaticamente para uma doença da qual muitos sabem o nome, mas têm pouco conhecimento a respeito. O vitiligo é um quadro caracterizado por lesões que surgem pela diminuição da presença, em determinadas regiões do corpo, de melanócitos, que são as células responsáveis pela produção da melanina — proteína que confere a pigmentação da pele, pelos e olhos.
É uma doença muito diferente do albinismo, conforme explica o dermatologista Juliano Peruzzo, diretor da Sociedade Brasileira de Dermatologia no Rio Grande do Sul:
– O vitiligo é uma doença autoimune, na qual o paciente apresenta anticorpo contra os melanócitos e, com isso, surgem manchas brancas. Elas podem ser localizadas, pequenas, ou podem ser bastante extensas e acometer o corpo inteiro. O mais comum é que seja localizado. Já o albinismo é uma doença genética, a pessoa já nasce albina, sem nenhum tipo de pigmentação.
A medicina ainda não conseguiu determinar o que pode desencadear o surgimento das manchas. As hipóteses mais aceitas pela comunidade científica são a ligação com doenças autoimunes, a predisposição genética – pois cerca de 30% dos pacientes possuem algum parente com vitiligo – e questões emocionais.
Mesmo que não haja maiores complicações, é fundamental que a pessoa que apresentar sintomas procure um dermatologista, para fazer o diagnóstico com precisão e também para receber o encaminhamento para a realização de exames para os quadros que podem estar associados.
Natália comentou no programa que a questão emocional teria desencadeado o surgimento das manchas no caso dela:
– Eu fiz muitos exames para saber se meu sangue tinha problema. Genético não tinha como, porque, até a quarta geração, só teve um caso bem distante. O meu era realmente emocional. As minhas manchinhas aumentavam muito. Em questão de uma semana eu fiquei totalmente pintadinha. Um dia eu acordei com mancha no joelho, nuca e rosto. Eu estava muito estressada na época, com muitas mudanças.
Apoio psicológico
Apesar da aparência das áreas afetadas destoar na comparação com as demais, é importante saber que o vitiligo não oferece risco à saúde física do paciente, e que não é contagioso. Mas a saúde mental pode ser afetada, já que as alterações no corpo podem gerar problemas de autoestima e aceitação.
— O vitiligo, assim como muitas doenças dermatológicas, gera muito estigma. O paciente, muitas vezes, faz todo o esforço de tratamento pela questão psicológica. Isso piora muito a qualidade de vida, muitas vezes gera quadros de depressão, mas eu acho que a gente está vivendo um momento de muito mais aceitação. O caso dessa modelo que está no Big Brother mostrando isso é um fator muito bom para o paciente que tem essa tendência dermatológica se aceitar mais. Mas, muitas vezes, a gente precisa orientar o paciente a fazer um acompanhamento psicológico simultaneamente — explica Peruzzo.
O vitiligo é classificado em dois tipos. Segmentar ou unilateral, é quando as lesões surgem em uma parte específica do corpo, na maioria dos casos quando a pessoa ainda é jovem. Não segmentar ou bilateral são os nomes dados para os casos em que as manchas aparecem nos dois hemisférios do corpo, começando a se desenvolver especialmente nas extremidades, como mãos, pés e partes do rosto. Este tipo possui ciclos em que aumenta a despigmentação e períodos de estagnação que ocorrem durante toda a vida do paciente, ou seja, as lesões tendem a aumentar.
Tratamento
Não há cura, mas hoje em dia há tratamentos que apresentam resultados significativos, tanto para conter a evolução das lesões, como para auxiliar em um processo de repigmentação das áreas afetadas. As terapias devem ser receitadas de forma individual, pelo dermatologista que acompanha o paciente.
– O tratamento é opcional, mas o paciente tem que ter cuidado com o sol, porque a pele do vitiligo não tem a proteção dos melanócitos. O tratamento pode ser feito com medicações tópicas, coisas de passar pontualmente, pode ser feito com medicamentos via oral, dependendo da condição e da extensão e também pode ser realizado fototerapia, com aplicação de radiação ultravioleta. Ainda existem alguns tipos de procedimentos cirúrgicos, reservados para o vitiligo.
Há ainda pequenas medidas que podem ser adotadas para prevenir a evolução das lesões, sendo as principais evitar o uso de roupas apertadas, para diminuir o atrito do tecido com a pele, evitar a exposição ao sol e, na medida do possível, controlar o estresse.