O mieloma múltiplo, câncer enfrentado pela jornalista e comentarista de política da GloboNews Cristiana Lôbo, que morreu nesta quinta-feira (11), aos 64 anos, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, é um tumor que acomete os plasmócitos, células que fazem parte do sistema hematológico (do sangue).
Essas células, originadas na medula óssea, têm a função de produzir proteínas importantes para o organismo. Quando há comprometimento por um dano genético, essa produção fica desregrada. O paciente passa a acumular proteínas em locais errados, como os rins — o que acarreta disfunção renal e eventual necessidade de hemodiálise —, ou pode sofrer com enfraquecimento dos ossos, tornando-se mais vulnerável a fraturas, e maior suscetibilidade a infecções.
Stephen Stefani, oncologista do grupo Oncoclínicas, define a doença como um câncer incomum comparado a outras doenças do sangue e de sintomas inespecíficos. Há pessoas que descobrem o problema quando já estão com lesão ou fratura óssea, enquanto outras têm sinais de mau funcionamento dos rins. Quadros infecciosos sucessivos ou alterações sanguíneas também dão pistas do mieloma múltiplo. A suspeita inicial leva o médico a solicitar exames de sangue, e o resultado definitivo pode ser dado a partir da análise de uma amostra de tecido.
— Durante muito tempo, o mieloma múltiplo era tratado com drogas que tentavam controlar a doença, essencialmente, matando essas células, mas isso acabava gerando muito efeito colateral cumulativo — relembra Stefani. — É uma das doenças oncológicas de tratamento com maior avanço na última década, provavelmente. Algumas medicações são orais, outras endovenosas, ou então combinamos drogas ou imunoterapias. O arsenal é tão grande que o mieloma múltiplo virou quase uma doença crônica, mas passível de agudizações — complementa o médico.
Atualmente, recorre-se cada vez menos a quimioterapias e mais a imunoterapias (quando o sistema imunológico é estimulado a combater a enfermidade), muito mais a drogas orais e menos por via venosa. É um tratamento de alto custo, frisa Stefani, o que dificulta o acesso dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Em alguns casos, o transplante de medula óssea é indicado.
— Tem pacientes que podem até ficar curados do mieloma e viver muito bem — observa o oncologista.