Uma esperança na prevenção do câncer de mama surgiu nos Estados Unidos no final de outubro. No dia 28 do mês passado, a Clínica de Cleaverland iniciou um estudo para testar a eficácia e a segurança de uma vacina contra o tipo mais agressivo do câncer de mama, que atualmente só pode ser prevenido com mastectomia – a retirada completa da mama. Caso os resultados sejam promissores, o imunizante será o primeiro a evitar diretamente o surgimento da doença.
Até setembro do ano que vem, 24 pacientes vão participar do estudo. As voluntárias devem ter de 18 a 24 anos e devem ter sido diagnosticadas com o câncer de mama em etapa inicial nos últimos três anos. As mulheres também já devem se encontrar sem o tumor, mas com grande risco do reaparecimento.
Cada uma delas receberá três doses da vacina, com intervalo de duas semanas. Nessa etapa, analisa-se a resposta imune e seus efeitos colaterais.
— Temos esperança de que nosso trabalho seja o início de pesquisas mais avançadas, provando a efetividade da vacina para deter o tumor de mama contra o qual temos menos tratamentos disponíveis — detalhou o hematologista Thomas Budd, do Taussig Cancer Institute e um dos líderes da pesquisa.
A vacina terá como alvo a proteína α-lactalbumina, que geralmente acompanha a doença, fazendo com que o sistema imunológico evite tumores de mama emergentes. A injeção também incluirá uma droga que alerta o sistema imunológico para α-lactabalbumina, de modo que ela possa interromper o crescimento do tumor emergente.
Até o momento, as vacinas contra a doença haviam sido testadas somente em laboratório e em animais. De acordo com os pesquisadores, caso tudo ocorra dentro do planejado, o próximo passo será testar o imunizante em pessoas saudáveis que correm risco de desenvolver o câncer de mama.
Segundo Andressa Stefenon, oncologista do Núcleo Mama do Hospital Moinhos de Vento e voluntária do Instituto da Mama do Rio Grande do Sul (Imama), não há uma previsão para o estudo ou uma vacina em testes chegar ao Brasil.
— A ideia é muito interessante e inovadora e, se demonstrar eficácia nas próximas fases de estudo, pode se tornar mais uma ferramenta no combate à essa doença.
A oncologista, porém, destaca: mesmo com a existência de uma vacina contra a doença, os exames preventivos não devem ser dispensados.
— Ela não substituirá os exames de rastreamento que são preconizados atualmente por ser específica para um subtipo menos frequente de câncer de mama, que é o triplo negativo.
Nos Estados Unidos, a previsão de conclusão para essa etapa do estudo é para setembro de 2022.