Neste sábado (1º), é celebrado o Dia Mundial do Idoso. Para marcar a data, GZH reúne algumas dicas de especialistas em envelhecimento para que esta fase seja vivenciada como período de desfrute e de novas descobertas. Eles relatam que, assim como são importantes os cuidados com a alimentação e a prática de exercícios físicos, na idade idosa é salutar rodear-se de familiares, amigos e aproveitar a vida. Permitir-se aprender coisas novas, saber se divertir e abrir mão da ideia de que ficar velho é algo negativo faz bem ao corpo e à mente.
Mexer o corpo
Recomendação feita para todas as faixas etárias, a prática de exercícios físicos segue fundamental na velhice. Ter sido sedentário ao longo da vida não é justificativa para se livrar de assumir, ainda que tarde, um comportamento mais ativo.
Professora de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenadora do Centro de Referência do Envelhecimento e Movimento (Crem), Andrea Kruger Gonçalves diz que o estímulo do corpo é importante e pode ser feito por meio de hábitos simples, como evitar o elevador e subir os lances de escada, ainda que apenas um. Também é válido mexer o corpo dentro de casa, e não ficar duas ou três horas sentado em frente à TV.
A profissional dá uma dica que é fácil de memorizar: para cada hora que a pessoa ficou ociosa, basta levantar-se e sair em deslocamento pelos cômodos por pelo menos cinco minutos.
Mas estes são exercícios leves. Investir em atividades mais vigorosas vai ajudar a manter a saúde do idoso em dia. A orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que eles pratiquem entre 150 e 300 minutos de exercícios moderados semanalmente.
— A maioria dos idosos consegue fazer essas atividades. São caminhadas, ginástica, aulas de dança, natação, hidroginástica. Evitamos dizer que tal exercício é melhor do que outro. Se a pessoa gosta mais de caminhar do que de fazer hidroginástica, então caminhe. O importante é não ficar parado — diz Andrea.
Comer bem
A nutrição é um componente essencial para a manutenção da saúde e do bem-estar na idade idosa, já que uma alimentação inadequada pode causar doenças ou piorá-las. Segundo a nutricionista clínica Aline Kemmerich, embora nessa fase seja comum que alguns idosos fiquem mais inapetentes, é importante que não deixem de fazer pelo menos três refeições ao dia, incluindo porções de cereais integrais, frutas, verduras, proteínas. Dar sempre preferência para os alimentos naturais ou minimamente processados. Também é recomendado o consumo de ao menos três porções de frutas e verduras por dia.
— Com o processo de envelhecimento, as pessoas tendem a ter mais inapetência, se hidratam menos, ficam mais seletivas, já que alterações de paladar, do olfato e do metabolismo acontecem nessa fase. Por isso, é importante manter uma adequada ingestão hídrica, se alimentar bem e evitar os ultraprocessados, como biscoitos recheados e refrigerantes, que tendem a ter muito sal, açúcar e gorduras hidrogenadas e que não trazem benefício nutricional — afirma Aline.
O bom e popular feijão com arroz é recomendado pela nutricionista também para essa geração, já que traz uma combinação completa de nutrientes. A perda de massa muscular que tende a ocorrer na velhice pode ser amenizada com o consumo de proteínas encontradas também nas carnes, peixes e ovos.
Como comer é um ato de congregação e socialização, é recomendado fazer as refeições em família ou compartilhando o momento com amigos. Também ajuda na boa relação com o alimento se o idoso se envolver na cozinha, nas tarefas de preparar a mesa ou que seja, ao menos, incluído nas decisões de cardápio.
— Se a pessoa não teve, no decorrer da vida, hábitos saudáveis, pode mudar isso durante a idade idosa. Nunca é tarde para mudar hábitos, todo mundo tem que tentar. Isso é muito válido para que se tenha um envelhecimento com saúde — conclui a nutricionista.
Socializar
É importante que a pessoa não fique restrita às tarefas do lar. Que saia de casa para desfrutar de atividades físicas, mas também culturais. Que se divirta.
— Valem idas ao cinema, de preferência acompanhado de amigos, para discutir o filme com eles, além de idas ao teatro. Sem falar na convivência com a família. É importante que a família entre em contato com o idoso, que o leve passear, que faça atividades que são prazerosas, inclusive dentro de casa, como tomar café, assistir a um filme. Que não se aproxime do idoso somente quando ele está doente — diz a fonoaudióloga, gerontóloga e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Adriane Ribeiro Teixeira.
Uma opção é procurar os grupos de terceira idade, que oferecem diversas atividades de lazer para os idosos. Adriane coordena a Universidade Aberta para Pessoas Idosas (Unapi), junto das também professoras da UFRGS Maira Olchik e Mara Carneiro. O projeto vinculado à Universidade. Na Unapi, por exemplo, é possível fazer oficinais de escrita, canto, tecnologia e percussão.
Atualmente, algumas atividades da Unapi seguem restritas ao formato online como forma de proteger os idosos, que são grupo de risco do coronavírus. As matrículas para participar do grupo são contínuas, estando sempre abertas. Outras informações podem ser obtidas pelo WhatsApp (51) 93308-5066 ou pelo e-mail unapi@ufrgs.br.
— Os homens têm muita resistência em participar de grupos de terceira idade. A maioria das matrículas da Unapi é de mulheres. No geral, as pessoas têm preconceito, pensam: "Ah, vou lá jogar bingo ou tomar chá". Tem muitas outras coisas para aprender — incentiva Adriane.
Sem preconceito
É fundamental abrir a cabeça e afastar a ideia de que a velhice é a pior fase da vida. Esse preconceito, conhecido como velhismo, é uma construção social que dificulta que os idosos saiam de casa e desfrutem a vida.
— Eles acham que o tempo deles já passou, que precisam ficar esperando a morte, sentadinho. Hoje se acredita que todas as idades são capazes de realização — reflete Andrea.