No Rio Grande do Sul, o número de pessoas acima dos 60 anos ficou em 2,1 milhões, no ano passado, de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Características Gerais dos Moradores, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representando 19% da população do Estado. E deste montante, só em Porto Alegre, pelo menos 4 mil vivem em cerca de 400 instituições de longa permanência de idosos (ILPI). Mas como saber escolher o melhor lar ou residencial geriátrico para esta mudança que, de certa forma, será radical na vida do idoso?
Segundo o Núcleo de Residenciais Geriátricos do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SindiHospa), como qualquer mudança de endereço, a adaptação a um residencial geriátrico é um processo que envolve tanto o idoso, quanto o familiar dele, além das particularidades da instituição. Recomenda-se que a família seja participativa ao longo deste período, acompanhando o seu idoso na medida do possível.
Conforme o coordenador do núcleo de Residenciais Geriátricos do Sindihospa, Marcos Cunha, o mais importante é o familiar averiguar os alvarás sanitários da instituição pesquisada: de localização, de saúde e dos bombeiros. Estes documentos darão a segurança para a a família interessada em transferir o idoso para o local.
— Estes alvarás precisam estar à vista do cliente. Eles são o atestado de que a instituição é fiscalizada e tem referência positiva — alerta Cunha.
A psicóloga Samantha Sittart, mestre em Gerontologia Biomédica, compara a procura por um novo lar para o idoso com a busca por uma escola para o filho. Ela reforça que é preciso estar alerta para algumas questões.
— É necessário dispor de tempo para fazer pesquisa, ir ao local e ver indicações e redes sociais. Na visita, é preciso manter o olhar atento à organização e à limpeza do ambiente. Por exemplo, como funciona a cozinha, o tipo de alimentação oferecida, como é o quarto, se é possível levar pertences do idoso para este quarto. Às vezes, os quartos são duplos ou triplos. Por isso, é importante ver também com quem ele dividirá o quarto — ensina Samantha.
Outro ponto citado pela psicóloga, que costuma fazer a diferença na hora de escolher um novo ambiente, é conferir quais são as atividades extras e seus cronogramas na ILP pesquisada.
— O familiar precisa perguntar como é feita a estimulação deste idoso. Há terapeuta ocupacional, nutricionista e psicólogo? Se o idoso necessitar de acessibilidade, é preciso conferir também este item no ambiente, antes de selecionar a instituição — indica Samantha.
Se o idoso já tiver algum comprometimento cognitivo, a tomada de decisão precisará ser do familiar responsável ou dos familiares. Se não há consenso, é o familiar com a tutela do idoso quem fará a escolha.
— Por isso, é importante as famílias conversarem sobre este tema, do idoso decidir antes mesmo de ocorrer algo. Conversar sobre finitude, sobre tomadas de decisão, pois isso gera menos estresse e mais conforto para o idoso e suas famílias — finaliza Samantha.
Pontos principais da escolha:
- Estabeleça os recursos financeiros disponíveis
- Busque referências com amigos e profissionais da saúde, além de pesquisar na internet
- Visite várias instituições e converse com os idosos residentes
- Verifique quais serviços são oferecidos: por exemplo, atendimento de equipe multidisciplinar, atividades extras e alimentação especial
- Analise os diferenciais entre os residenciais
- Dê preferência para o residencial que atenda às necessidades do seu idoso e no qual você possa estar junto a ele
- Analise o contrato de prestação de serviços entre o residencial e você
Durante a visita a um residencial, observe:
- O relacionamento entre a equipe de atendimento e os idosos
- O funcionamento da rotina e o bem-estar dos idosos
- A existência de acessibilidade e áreas de convívio, inclusive área externa
- Se há organização, higiene e limpeza que garantam ambientes arejados e iluminados
- Se os profissionais envolvidos no cuidado são qualificados e em quantidade compatível com o número de idosos
- A liberdade no horário de visitas
FONTE: Psicóloga Samantha Sittart e Núcleo de Residenciais Geriátricos do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SindiHospa)