Uma pesquisa conduzida por professores e alunos da Univates, em Lajeado, no Vale do Taquari, identificou 109 mutações no genoma do Sars-CoV-2, o vírus que causa a covid-19. O estudo também busca encontrar compostos que possam inibir a replicação do coronavírus.
O primeiro passo da pesquisa foi analisar 627 sequenciamentos genômicos do Sars-CoV-2 recolhidos a partir de amostras em diferentes regiões do Brasil. A equipe identificou as 109 mutações, que, segundo a universidade, não significam novas variantes da doença, mas são consideradas importantes para compreender o comportamento do vírus.
— A pesquisa contribui ao mostrar as mutações presentes no vírus, suas localizações nas estruturas das proteínas virais, abrindo caminho para a busca de novos compostos no combate ao coronavírus. É também um sinal de alerta para a sociedade, pois reforça a percepção de que se trata de um vírus com alto risco de mutação. Por isso, são importantes as medidas protetivas — diz o professor Luís Fernando Saraiva Macedo Timmers, doutor em Biologia Celular e Molecular, que coordenou a análise das mutações nos genomas.
O estudo também fornece suporte para um melhor entendimento sobre a eficácia das vacinas. Os resultados da primeira fase foram compartilhados em uma plataforma para ajudar pesquisadores do mundo todo e submetidos à revista Scientific Reports, do grupo Nature, uma das publicações científicas mais conhecidas no mundo.
Os esforços contaram com a colaboração de mais seis instituições: a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e a Universidade de Tübingen (Alemanha).
A pesquisa contou com o apoio da BRF, empresa de alimentos dona de marcas como Sadia, Perdigão e Qualy, que há oito meses doou R$ 100 mil à universidade, a fim de auxiliar estudos relacionados à covid-19. Outros projetos da Univates referentes ao diagnóstico mais rápido e barato da doença e à adoção do ozônio para a desinfecção e sanitização também utilizam recursos doados pela empresa.
Segundo a BRF, a doação para a universidade faz parte de um conjunto de R$ 50 milhões, que foi anunciado pela empresa em abril de 2020 e é utilizado em distribuição de alimentos, insumos médicos e apoio a fundos de pesquisa e desenvolvimento social, para contribuir com os esforços de combate aos efeitos da pandemia. A iniciativa alcança hospitais, organizações de assistência social e profissionais de saúde dos Estados e municípios em que a empresa possui operação.