O número de mulheres grávidas infectadas pelo coronavírus tem aumentado em instituições de saúde da Capital. Na última segunda-feira (15), o Hospital de Clínicas de Porto Alegre restringiu a realização de partos devido à superlotação dos leitos neonatais da instituição. O motivo principal é o aumento de partos prematuros de mães com covid-19, algumas delas internadas em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Em entrevista ao programa Gaúcha +, a diretora científica da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Rio Grande do Sul (Sogirgs) e chefe do Centro Obstétrico do Clínicas, Maria Lúcia da Rocha Oppermann, disse que o numero de grávidas com coronavírus mais do que dobrou nas últimas semanas:
— Nós fazemos testes de coronavírus em todas a gestantes que chegam ao Clínicas desde agosto. Até dezembro, o índice de testes positivos era em torno de 3%. De janeiro a março, aumentou para 7,5%.
Ela conta que o hospital tem realizado partos prematuros em gestantes em estado crítico da doença.
— Acontece de chegar uma paciente com covid em uma situação crítica, com mais de 20 semanas, que não consegue estabilizar seu quadro no CTI. Então se faz o parto prematuro para estabilizar o quadro materno.
Nesses casos, o parto é realizado no CTI. Depois, o bebê fica isolado até que sejam feitos todos os testes e se descarte a doença na criança. Já em situações em que a mãe tem quadro leve de coronavírus, os partos são realizados em uma sala isolada e mãe e bebê vão juntos ao quarto. A amamentação, de acordo com a obstetra, ocorre normalmente, com uso de máscaras e higienização das mãos:
— Desde o início, quando a gente preparou o hospital lá em março de 2020 para a chegada da pandemia, nos já tínhamos decidido que a iríamos apoiar a posição da OMS (Organização Mundial da Saúde) de estimular a amamentação, desde que a paciente usasse máscara e fizesse higienização das mãos ao amamentar. E temos seguido com isso. Até o momento, não tivemos nenhum bebê positivo que tenha pego covid da mãe.
A obstetra diz que o Clínicas não registrou nenhuma morte materna por covid-19.
— Mas isso é algo que pode acontecer e tem acontecido em outros hospitais de Porto Alegre — pontuou.
A médica conta que há casos de mães que, por estarem em tratamento intensivo contra o coronavírus, descobrem semanas depois do parto que tiveram o bebê:
— Esses dias, uma mãe internada na CTI, já recuperada, viu um vídeo do bebê pela primeira vez. Em um ambiente assim, com muita preocupação, essas situações são motivos de festa.
De acordo com a chefe do Centro Obstétrico, as mulheres grávidas ficam suscetíveis ao coronavírus especialmente no terceiro trimestre da gestação e nas semanas seguintes ao parto. Ela também frisa que os cuidados devem ser redobrados caso a pessoa seja obesa.
— Mulheres grávidas não podem participar de nenhuma aglomeração — disse a médica. — Chá de fralda é desaconselhado durante a pandemia.
A médica ressaltou que o Clínicas segue realizando partos e que o fechamento do Centro Obstétrico é provisório, devendo durar de dois a três dias, até que a UTI neonatal disponha de mais vagas.
Ouça a entrevista completa: