O Rio Grande do Sul tinha, na tarde desta segunda-feira (15), um cenário de leve queda nas internações por covid-19 em leitos clínicos, após quatro semanas de alta. A curva de internações nesses leitos registra uma melhora muito discreta desde sábado (13), e especialista ouvida por GZH alerta que é preciso aguardar mais tempo para avaliar o significado do indicador.
Às 17h, segundo o painel estadual de monitoramento, eram 5.350 adultos em leitos clínicos, com confirmação da doença. Esse número chegou, na sexta (12), ao ápice, com 5.435 pessoas nessa situação.
— Pode ser um indicativo. Primeiro, temos que escapar dos dados do fim de semana. Até quarta-feira (17), vamos ter uma ideia melhor e ver se é o princípio de uma estabilização — avalia Lucia Pellanda, médica epidemiologista e reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA).
A epidemiologista acrescenta que a pontual melhora da curva pode ser fruto da adoção da bandeira preta em todo o território gaúcho, mas reforça que os próximos dias e a manutenção de medidas indicarão o rumo da curva:
— A primeira hipótese é de que esteja funcionando a bandeira preta. Mas também pode ser uma variação normal, pois muita gente está em casa, sem conseguir atendimento. Em uma situação de esgotamento de leitos, não dá para confiar tanto nesses dados. É preciso esperar mais. A gente pode interpretar com um certo otimismo, mas, especialmente, com cautela — acrescenta a epidemiologista.
Internações por covid-19 em UTIs batem novo recorde
Já o número total de internados com covid-19 em unidades de tratamento intensivo (UTIs) no RS bateu novo recorde na tarde desta segunda. Às 17h, o painel do governo do Estado mostrava 2.551 pessoas em UTIs com confirmação da doença — superando o recorde anterior, atingido na sexta-feira (12). Naquele dia, havia 2.487 pacientes nessas condições.
— A gente está vendo este pequeno sinal de possível estabilização em leitos clínicos, mas a gente ainda poderá ver crescimento nas internações de UTIs por muitas semanas. Nos outros picos no Estado, as internações em UTIs cresceram por 45 dias após a estabilização dos leitos clínicos — lembra a epidemiologista.
O total de internados em UTIs mais do que dobrou em 30 dias. Em 13 de fevereiro, eram 988 pessoas em tratamento intensivo no Estado.