Diante do agravamento da pandemia do coronavírus no Estado, o governo voltou a avaliar o aluguel de contêineres refrigerados para armazenar corpos. Conforme a direção do Instituto-Geral de Perícias (IGP), empresas que dispõem do equipamento já foram contatadas para apresentar orçamentos.
A medida faz parte do plano de contingência para enfrentar a pandemia e já funcionou ano passado: em julho, o Estado recebeu oito equipamentos locados. Eles não chegaram a ser usados e foram devolvidos em agosto.
Se necessário, os equipamentos servirão como suporte à demanda do Departamento Médico Legal (DML), que tem espaço para armazenar 127 corpos em 33 unidades de necrotério no Rio Grande do Sul, e também aos Postos Médico Legais do Interior.
A diretora do IGP, Heloisa Helena Kuser, ressalta que a iniciativa é preventiva e só entrará em uso caso o sistema funerário venha a sofrer um colapso. Isso pode ocorrer se for registrado aumento de corpos à espera de transporte para sepultamento, o que causaria mais tempo de permanência de cadáveres nos necrotérios e, então, superlotação das vagas existentes.
— Não há nenhum motivo para pânico. O número de mortes violentas, que são as que o IGP atende, segue estável, com média de 10 por dia na Capital. Monitoramos diariamente. O sistema todo segue o fluxo sem problemas, neste momento. Mas não queremos ser surpreendidos — diz Heloísa.
Desde sexta-feira (26), a ideia de alugar novamente os equipamentos está em discussão. O governo já verificou a disponibilidade junto a empresas do setor e, agora, aguarda orçamentos. Em julho, oito contêineres foram trazidos ao Estado. Agora, segundo o IGP, o número seria menor, possivelmente, até quatro.
Conforme Gerci Perrone Fernandes, presidente da Associação Sulbrasileira de Cemitérios e Crematórios (Asbrace), não há registros, até o momento, de problemas no fluxo de sepultamentos. Sobre vagas em cemitérios e crematórios, Gerci afirmou ser improvável que faltem. Só na Capital, segundo ele, há 5 mil disponíveis e possibilidade de construção de mais cerca de 80 mil.
Entenda como funciona
- Os necrotérios do DML, que é ligado ao IGP, não atendem diretamente vítimas da covid-19. Por eles, passam casos de mortes violentas — como homicídios, acidentes de trânsito e suicídios — e os óbitos de causa desconhecida, que dependem de uma investigação
- Já o atendimento a vítimas mortas pela infecção do coronavírus segue outro fluxo: no hospital é declarado o óbito, e o corpo é retirado pelo serviço funerário, que prepara o sepultamento
- Mas com a contaminação cada vez mais disseminada, a chance de pessoas que morrem por causas violentas também terem o vírus aumenta. Nestes casos, a forma de lidar com os corpos exige protocolos que tornam o atendimento mais demorado
- Se houver colapso em algum ponto do fluxo que envolve o sepultamento de vítimas da covid-19 mortas em hospitais — como excesso de demanda para o sistema funerário —, os contêineres serão usados em apoio. O Estado tem cerca de 700 funerárias