O Rio Grande do Sul registrou, no início da tarde desta terça-feira (2), 100,1% de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI). O percentual reflete o fato de que há mais pacientes internados em UTIs públicas e privadas do que o número de leitos oficialmente abertos em todo o Estado.
Apesar do indicador acima de 100% e da situação crítica na maior parte do Estado, ainda há leitos de UTI disponíveis em algumas regiões do Rio Grande do Sul (veja detalhamento abaixo).
Conforme dados das 14h, há 2.812 pacientes em leitos de UTI — quatro a mais do que os 2.808 leitos oficialmente abertos até o momento.
Das 21 regiões covid, no mesmo horário, havia superlotação em nove. As seguintes regiões apresentavam esgotamento de leitos de UTI: Porto Alegre, Lajeado, Novo Hamburgo, Santa Cruz do Sul, Caxias do Sul, Capão da Canoa, Guaíba, Taquara e Cachoeira do Sul.
Os dados mais graves foram registrados nas zonas de Lajeado, com ocupação de 117%, e de Novo Hamburgo, com 126%. Em outras 10 regiões, o nível de ocupação das UTIs se aproxima do limite, entre 82,1% e 100%.
Em duas regiões a situação ainda está no nível amarelo de alerta. Em Bagé, a ocupação de leitos de UTI é de 61,8% e, em Ijuí, de 73,9%. Em Bagé, conforme o painel estadual, estão ocupados 21 dos 34 leitos. Em Ijuí, estão em uso 34 das 46 unidades.
Os dados de hospitalizações são atualizados em tempo real no painel de monitoramento do governo estadual (clique aqui e acesse) e sofrem oscilações ao longo do dia.
Procurada, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) informou que, às 17h, havia 225 leitos livres de UTI na rede pública. Conforme a SES, dos 2.121 leitos de UTI do SUS existentes no Estado, 1.896 estavam ocupados. Na rede privada, acrescentou a SES, a ocupação é de 924 leitos de UTI, acima das 697 vagas existentes.
Na mesma nota, a SES explicou que "o fato de o índice geral de ocupação ter ultrapassado 100%, enquanto algumas instituições hospitalares apareçam sem lotação completa, se justifica pelas ações adotadas a partir do Plano de Contingência Hospitalar - em sua fase 4", acrescentando que nessa fase "outros espaços hospitalares passam a ser ocupados para operacionalização de leitos emergenciais, como salas de recuperação e UTIs Intermediárias, bem como outras áreas disponíveis".
Mais de 6 mil internados em leitos clínicos e de UTI
O boletim diário de hospitalizações divulgado pelo governo do Estado nesta terça-feira (2) também mostrou que o RS bateu a marca de 6 mil pessoas hospitalizadas em todos os tipos de leito com confirmação ou suspeita da covid-19. É a maior quantidade de internações simultâneas relacionadas à doença desde o início da pandemia.
No início da tarde desta terça, já eram 6.411 pessoas em leitos clínicos e de UTI, públicos e privados, com suspeita ou confirmação da infecção. Há um mês, eram 2.291 pessoas nessa situação.
RS sob bandeira preta
Todos os municípios gaúchos estão sob as regras da bandeira preta, no modelo de distanciamento controlado, desde sábado (27). A medida emergencial foi adotada pelo governo do Estado diante do risco de colapso iminente no sistema estadual de saúde. A bandeira preta, que provoca o fechamento da maioria das atividades não essenciais, será aplicada, ao menos, até o próximo domingo (7).
Ao anunciar o endurecimento de regras, o governo também criou uma trava de segurança para evitar o colapso do sistema hospitalar. A regra determina que, sempre que a relação entre leitos livres e leitos ocupados de UTI ficar abaixo de 0,35, todo o Estado passa automaticamente para bandeira preta. Com a piora no cenário da pandemia, este número vem caindo ao longo dos últimos dias e, na segunda-feira, a relação entre leitos livres e ocupados chegou a 0,05.