A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu autorização para a realização de pesquisa clínica com o soro contra o coronavírus desenvolvido pelo Instituto Butantan, de São Paulo. Na prática, o soro agora poderá ser testado em humanos.
A autorização foi condicionada a um termo de compromisso que prevê a entrega de informações complementares. Para começar o estudo, o Butantan ainda deverá apresentar informações que não foram disponibilizadas na íntegra.
Até o momento, o soro foi testado apenas em animais. Antes de enviar à Anvisa o pedido de autorização para o começo dos testes em humanos, o diretor do Butantan, Dimas Covas, disse que os estudos serão feitos principalmente em pacientes diagnosticados com a covid-19 e que sejam transplantados — isso porque a mortalidade deles é mais alta.
— O soro está pronto. Estamos com a linha de produção preparada para iniciar regularmente a produção do soro. Estudo clínico será feito inicialmente com pacientes imunossuprimidos e transplantados, principalmente transplantados de rins, em que a mortalidade pela infecção é altíssima. Estamos preparados para começar, a partir do momento em que tivermos a aprovação da Anvisa — afirmou Covas.
Concentrado de anticorpos contra o coronavírus, o soro pode ser aplicado assim que o paciente apresentar manifestações clínicas da doença.
— Já começa a ter resposta imune contra o vírus. Ela está com vírus circulando e, quando injeta o soro, ele está carregado de anticorpos, e são esses anticorpos que vão combater o vírus — explicou o diretor do Instituto Butantan.
O soro é produzido a partir do plasma doado por pessoas que já se recuperaram da covid-19 e deve ser usado até 72 horas após os primeiros sintomas, evitando que quadros mais graves da doença se desenvolvam.