Em entrevista ao programa Estúdio Gaúcha na noite desta terça-feira (23), a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, afirmou que o Rio Grande do Sul deve receber mais 200 mil doses de vacinas contra o coronavírus nos próximos dias.
Mais de 2 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca, enviadas pelo laboratório Serum, da Índia, chegaram ao Brasil nesta terça. O Instituto Butantan, por sua vez, afirma que entregou ao ministério mais 1,2 milhão de doses da CoronaVac, produzida pela farmacêutica chinesa Sinovac.
— São 3,2 milhões de doses que virão aos Estados brasileiros, e o Rio Grande do Sul vai receber em torno de 200 mil doses. Não posso afirmar quando elas chegam, porque tem uma previsão de que elas estariam sendo encaminhadas entre quarta e quinta-feira — afirmou a secretária, que não especificou a quantidade específica por laboratório.
Segundo o governo estadual, esse novo repasse será usado para a segunda vacinação das pessoas que já receberam a primeira dose e para ampliar a faixa de imunização.
— Um dos objetivos é proporcionar a segunda dose, já que ainda temos pendências dentro da nossa programação. E vamos priorizar o que for possível a vacinação dos idosos. Se for possível, vamos antecipar a partir de 80 anos — afirmou a secretária.
A titular da pasta da Saúde também manifestou preocupação com a pressão da pandemia sobre o sistema hospitalar e de atendimento no Estado. O governo estadual restringiu atividades em todo o território gaúcho entre as 20h e as 5h, mas manteve a cogestão, que dá aos municípios a possibilidade de flexibilizar as regras do distanciamento controlado. Segundo Arita, entretanto, não estão descartadas novas restrições.
— Provavelmente vamos ter que tomar outras medidas restritivas, pois o cenário é muito preocupante — declarou.
Impasse entre Butantan e ministério
O Instituto Butantan afirma ter entregado nesta terça-feira ao Programa Nacional de Imunização (PNI), do Ministério da Saúde, 1,2 milhão de doses da CoronaVac para distribuição aos Estados. Já a pasta comandada pelo general Eduardo Pazuello afirma não ter recebido o lote.
Mais cedo, o governador de São Paulo, João Doria, havia anunciado o início do envio das novas remessas da vacina contra a covid-19. No total, segundo o tucano, serão 5,6 milhões de doses no período entre 5 de fevereiro e 5 de março, 65% acima do volume previsto inicialmente.
Em nota enviada a GZH, o Ministério da Saúde afirma “que aguarda, conforme previsto em contrato, a oficialização do Instituto Butantan da entrega das doses da CoronaVac produzidas pelo laboratório. A pasta espera, ainda, receber o quanto antes o cronograma atualizado de envio desses imunizantes — definida no acordo comercial e pedida reiteradamente por ofício — a fim de que se possa preparar a distribuição da vacina aos Estados”.
Após a divulgação dessa nota pelo Ministério da Saúde, GZH pediu nova manifestação do Butantan, que enviou o seguinte posicionamento:
“É uma contradição que o Ministério — que não providenciou nem 1% das vacinas que prometeu de outros fornecedores — cobre justamente o Butantan em vez de fazer a sua parte como gestor do SUS nacional, que é coordenar o programa de imunizações e garantir vacinas suficientes para todos. O Butantan aguarda ansiosamente que o Ministério da Saúde cumpra o prometido ao povo brasileiro e também envie aos Estados doses de outras vacinas para que seja possível imunizar o mais rapidamente toda a população do país. O instituto já enviou 11 milhões de doses da vacina contra o novo coronavírus para o Programa Nacional de Imunizações e até 5 de março enviará outras 4,4 milhões. Até 30 de abril serão entregues 46 milhões de doses. É lamentável que, mais uma vez, o Ministério da Saúde tenta transferir a responsabilidade pela sua completa falta de planejamento ao Instituto Butantan, seu principal fornecedor de vacinas contra o novo coronavírus até o momento”.